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Saúde: Hiperplasia Benigna da Próstata afeta 75% dos homens com mais de 65 anos
Rui Borges, Urologista do Hospital Lusíadas Porto
Redação Lux em 13 de Novembro de 2016 às 13:12

A próstata é uma glândula do tamanho de uma castanha e que faz parte do aparelho reprodutor masculino. Ela está localizada à frente do recto, abaixo da bexiga e envolve a uretra.

A Hiperplasia Benigna da Próstata (HBP) consiste no aumento das dimensões da próstata levando à compressão da uretra. A incidência de HBP aumenta com a idade, afetando de forma sintomática aproximadamente 25% dos homens com idade superior a 40 anos e cerca de 75% com mais de 65 anos.

Visto que a próstata envolve a uretra o aumento do seu tamanho pode levar à compressão da uretra e, consequente, à obstrução da bexiga. Se deixada sem tratamento, pode provocar alterações irreversíveis no funcionamento da bexiga bem como dos rins levando, inclusive, à insuficiência renal. 

Os sintomas provocados pela HBP são o aumento da frequência urinária, quer durante o dia, quer durante a noite, a vontade súbita e inadiável de urinar, a incontinência, o gotejamento no final da micção, a dificuldade em iniciar a micção e a necessidade de esforço abdominal para urinar. Estes sintomas condicionam a atividade diária e o padrão de sono, alterando, drasticamente, a qualidade de vida destes doentes.

No entanto, não existe uma boa correlação entre os sintomas e o tamanho da próstata. Alguns homens com próstatas grandes (superiores a 100g) podem ter poucos sintomas que não interferem com a sua qualidade de vida e outros homens, com próstatas mais pequenas (30-40g) podem ter obstrução urinária que condiciona alterações graves na sintomatologia urinária.

O objectivo do tratamento não é curar a HBP, mas reduzir os sintomas e evitar as complicações da doença. 

Podemos dividir o tratamento em 3 etapas.

A vigilância está indicada se a sintomatologia é ligeira e não tem interferência significativa na qualidade de vida. Quando os sintomas são mais acentuados as opções terapêuticas são o tratamento médico e cirúrgico.

O tratamento médico inclui várias opções. 

A fitoterapia que consiste na terapêutica com extratos vegetais e pode ser útil em doentes com sintomas ligeiros ou moderados, com a vantagem de, praticamente, não ter efeitos laterais importantes. 

Os bloqueadores dos recetores α1-adrenégicos, que incluem entre outros a alfuzosina, doxazosina, tamsulosina e silodozina, relaxam a musculatura prostática, o colo da bexiga e uretra proximal, e são os mais rápidos na diminuição dos sintomas.

Os inibidores da 5α-redutase (dutasteride e finasteride), bloqueiam a transformação na próstata da hormona masculina, testosterona em dihidrotestosterona. Diminuem parcialmente o volume deste órgão e os sintomas urinários, embora demorem algumas semanas a atuar e só sejam eficazes nas próstatas mais volumosas.

Mais recentemente, é consensual a utilização do tadalafil, um medicamento utilizado para o tratamento da disfunção eréctil, que tem vantagens nos doentes que tenham sintomas de HBP associados a problemas de ereção.

A cirurgia é outra opção terapêutica muito eficaz e inclui os procedimentos transuretrais e a cirurgia aberta/laparoscópica. Habitualmente, os procedimentos transuretrais estão reservados para as próstatas de menores dimensões (até 70/80g). Estes procedimentos podem ser realizados quer utilizando ansas com corrente elétrica ou utilizando diferentes tipos de lasers.

Para as próstatas mais volumosas a opção é a prostatectomia por via aberta. Mais recentemente, este procedimento tem sido substituido pela laparoscopia com iguais bons resultados.

Em qualquer destas cirurgias o objetivo é o mesmo: a remoção do tecido hipertrofiado e obstrutivo central responsável pela sintomatologia pelo que o risco de incontinência urinária e disfunção erétil são mínimos.

Artigo de opinião de Rui Borges, urologista do Hospital Lusíadas Porto

Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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