PUB
PUB
Internacional
Brittany Maynard vai morrer no dia 1 de novembro com recurso à eutanásia
Redação Lux  com Vanessa Barros Cruz em 30 de Outubro de 2014 às 10:06
«Eu e o meu marido estávamos a tentar formar uma família, o que é devastador para nós.» Devastador, pois pouco tempo depois de se ter casado, Brittany Maynard, que faz hoje 30 anos, começou a sentir fortes dores de cabeça.

Foi-lhe diagnosticado um tumor cerebral maligno de nível quatro, e em abril passado os médicos, com apenas 29 anos, deram-lhe seis meses de vida. Desde então, a norte-americana tem vindo a aproveitar o tempo que lhe resta da melhor maneira possível. E a planear a sua morte. Será no dia 1 de novembro, deitada na sua cama, com a mãe, o marido, o padrasto e a melhor amiga ao lado, que Brittany dirá adeus à vida «em paz», com recurso à eutanásia.

A data foi escolhida com um propósito: «Eu ainda quero celebrar os anos do meu marido, a 30 de outubro.» Mas deixa bem claro que a sua decisão não se trata de um ato inconsciente. «Não há uma única célula no meu corpo que seja suicida, que queira morrer. Eu quero viver. Quem me dera que houvesse cura para a minha doença, mas não há. (...) E eu discuti com muitos especialistas como seria a minha morte causada pelo cancro, e seria horrível. Tendo a possibilidade de morrer com dignidade, é muito menos assustador»,justifica, num vídeo disponibilizado no

website do fundo que criou (http://www.thebrittanyfund.org), associado à organização sem fins lucrativos Compassion & Choices. Isto porque, nos últimos tempos, Brittany tornou-se um rosto pela defesa da morte assistida em todos os Estados norte- -americanos.

Atualmente, apenas cinco têm programas legais de morte assistida - Washington, Montana, Vermont, Novo México e Oregon, onde a jovem está. Juntamente com a sua família, Brittany Maynard deixou São Francisco, na Califórnia, e mudou-se para Portland, Oregon, para poder concretizar o seu desejo de morrer «com dignidade».

Até lá, aproveita otempo que lhe resta da melhor maneira

possível, pois as dores têm vindo a aumentar e a medicação que toma para reduzir o inchaço do cérebro e a ocorrência de convulsões tem efeitos secundários dolorosos.

«Espero conseguir passar os últimos dias que tenho neste planeta Terra lindo rodeada por aqueles que amo, e o máximo possível lá fora», explica. Mesmo assim já conseguiu fazer muitas das coisas que planeou. «Eu e o meu maridofizemos uma viagem linda a Yellowstone [reserva natural]. Depois fui com a minha melhor amiga ao Alasca. A seguir, fui com a minha mãe fazer uma viagem de barco espetacular. E, antes de morrer, espero conseguir ir ao Grand Canyon, onde nunca fui», partilha.

Após a sua morte, também a mãe tem uma outra viagem a fazer. «Ela fez-me concordar com uma coisa...

Bem, nós decidimos encontrar-nos [depois]. E há este sítio, onde estou francamente com medo de ir, que é o Machu Picchu, porque tem de se escalar muito. Bem, mas ela disse que ia lá ter comigo. E, por isso, vamos lá todos!», conta, entre lágrimas, Debbie Ziegler, que está prestes a perder a sua única filha.

Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
Comentários

PUB
pub
PUB
Outros títulos desta secção