PUB
PUB
Internacional
Eurodeputados escrevem a Obama exigindo libertação de Bradley Manning
Bradley Manning
Redação Lux em 30 de Julho de 2013 às 21:08
As eurodeputadas portuguesas Ana Gomes, Alda Sousa e Marisa Matias escreveram, juntamente com outros 14 eurodeputados, uma carta aberta endereçada ao Presidente norte-americano, Barack Obama, exigindo a libertação de Bradley Manning.

O soldado norte-americano de 25 anos, que entregou ao portal WikiLeaks documentos militares que contêm provas de abusos dos direitos humanos e eventuais crimes de guerra no Iraque e no Afeganistão, foi hoje julgado e considerado culpado pela justiça militar de violar a Lei de Espionagem ¿ embora não de ¿ajuda ao inimigo¿, outra das 21 acusações que sobre ele recaíam.

Na carta, anterior ao veredicto hoje conhecido, os eurodeputados defendiam a libertação de Manning, argumentando que ¿condenar uma pessoa que divulgou informação aos ¿media¿ de ¿ajudar o inimigo¿ criaria um terrível precedente¿.

¿Embora compreendamos que o governo norte-americano não está a pedir a pena de morte para Bradley Manning, nada há que impeça que isso aconteça em futuros casos¿, sustentam, acrescentando que ¿de qualquer maneira, o soldado Manning enfrenta a possibilidade de prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional, recentemente rejeitada como ¿tratamento desumano e degradante¿ pelo Tribunal Europeu de Direitos Humanos¿.

Os eurodeputados sublinham igualmente que ¿mais do que causar danos, a entrega de documentos por Bradley Manning ao WikiLeaks sobre as guerras no Iraque e no Afeganistão fez uma muito necessária luz sobre essas ocupações, revelando, entre outros abusos, uma rotina de assassínio de civis¿, o que, prosseguem, ¿contrasta enormemente com os relatórios de progresso fornecidos ao público por líderes militares e políticos¿.

Para os 17 eurodeputados signatários da missiva, ¿a ação corajosa de Bradley Manning, pela qual já foi três vezes nomeado para o Prémio Nobel da Paz, foi uma inspiração para outros, incluindo Edward Snowden, que recentemente divulgou informação sobre vigilância em larga escala do governo norte-americano nos Estados Unidos e também de governos e cidadãos europeus.

¿Estamos preocupados com o facto de a guerra do governo norte-americano aos autores de fugas de informação como Edward Snowden e Bradley Manning poder ser impeditivo para o processo da democracia tanto nos Estados Unidos como na Europa¿, escreveram.

¿Instamos-vos a porem termo à perseguição de Bradley Manning, um jovem que está preso há mais de três anos, incluindo dez meses na solitária, em condições que o relator especial da ONU para a tortura, Juan Mendez, considerou ¿cruéis e abusivas¿¿, frisaram.

¿Bradley Manning já sofreu demasiado e deverá ser libertado tão cedo quanto humanamente possível¿, concluem.

Além das três representantes portuguesas, assinam a carta os eurodeputados: Christian Engström e Mikael Gustafsson (Suécia), Gabi Zimmer, Sabine Wils, Sabine Lösing, Lothar Bisky e Helmut Scholz (Alemanha), Paul Murphy e Martina Anderson (Irlanda), Jacky Henin, Marie-Christine Vergiat e Patrick Le Hyaric (França), Willy Meyer (Espanha) e Nikola Vuljanić (Croácia).

Nos termos do veredicto hoje lido pela juíza Denise Lind, Bradley Manning incorre numa pena de 154 anos de prisão, depois de ter sido considerado culpado de várias acusações relacionadas com a violação da legislação sobre espionagem.

A sentença será conhecida nos próximos dias.

LUSA
Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
Comentários

PUB
pub
PUB
Outros títulos desta secção