"Ninguém está preparado para uma perda como aquela”, começa por dizer Rio Ferdinand, em entrevista à BBC.

O antigo jogador do Manchester United, de 38 anos, refere-se à morte da mulher, Rebecca Ellison, de 34, em maio de 2015, apenas 10 semanas depois de lhe ter sido diagnosticado cancro da mama.

No emocionante documentário da BBC “Rio Ferdinand: Being Mum And Dad”, o antigo jogador da seleção inglesa partilha a sua dor e o quão difícil tem sido ser mãe e pai de Lorenz, agora com 10 anos, Tate, com 8, e Tia, com 5, os fihos do casal.

“Antes de morrer, ela disse-me que eu seria um pai e mãe magnífico”, revelou Ferdinand.

 

Mas, nem esse voto de confiança lhe permitiu encarar a gigante epopeia com mais leveza. Aliás, o início foi marcado por momentos de enorme solidão, ataques de pânico, pensamentos suicidas e excessos, como o próprio explica:

“A Rebecca partiu 10 semanas depois de lhe terem diagnosticado o cancro. Ao princípio bebia muito, depois de deitar os miúdos. Até que, um dia, ao acordar, vi que não os conseguia levar ao colégio. Até tive um acidente. Percebi que não podia continuar assim.Preciso de ajuda (...) Costumava ler histórias e pensava ‘como é que se pode ser tão egoístae cometer suicídio, ou pensar em suicídio’. Hoje, consigo compreender”, conta, sem esconder as lágrimas.

Ao longo destes quase dois anos, Rio Ferdinand, que ainda não foi capaz de retirar a aliança de casamento, admite que se sentiu perdido e confuso. Até as coisas mais simples lhe pareciam inatingíveis.

“Como é que marco consulta no médico? Sempre fui ao médico do clube. Não fazia ideia”, exemplifica. Ou ainda, “quando os meus filhos me diziam que não era assim que a mãe fazia a cama, pensava: O que quer que faça, nunca bastará”.

Rio recordou ainda um dos momentos mais duros que partilhou com os filhos, logo depois da morte de Rebecca. Um dos filhos quis saber o que significavam as dezenas de cartões espalhados numa parede do hospital. Rio Ferdinand explicou-lhe que se tratavam de mensagens de agradecimentos a todas as pessoas que se ocupavam e ajudavam pacientes com a mesma doença da mãe.

“Mas não ajudaram a minha mãe”, afirmou um dos rapazes. Comentário que deixou Ferdinand devastado.

“Nós, homens, somos uns ignorantes. As mulheres cuidam da família e da casa e julgamos que isso não é um trabalho. É um trabalho muito duro e importante”.