Redação Lux
com CSS
em 12 de Novembro de 2015 às 12:28
Vítima de pedofilia, menina de "MasterChef Júnior" inspira campanha contra assédio sexual
Valentina, de 12 anos, uma das concorrentes do programa "MasterChef Júnior", na TV Bandeirantes, foi alvo de comentários de cariz sexual na Internet, logo após a sua primeira aparição no concurso.
A menina começou a ser "assediada" redes sociais. Os pais mostraram-se surpreendidos com
o grau de sexualidade de alguns dos comentários e insultos que esta recebeu. A revolta veio com a ameaça de pedófilos sobre a rapariga, que se tornou foco de atração e alvo fácil para homens mais velhos que exaltavam as características de Valentina: "magra, jovem, virgem e com talento para a cozinha".
O caso gerou polémica nas redes sociais e uma mulher inspirou-se na história de menina – e na sua própria história – para criar uma campanha e estimular outras mulheres a contarem as suas experiências de assédio sexual.
Juliana De Faria,
fundadora do coletivo feminista Think Olga e criadora da campanha Chega de Fiu Fiu,
lançou a hashtag #PrimeiroAssédio no Twitter e, em pouco tempo, passou a figurar entre os temas mais comentados do Twitter brasileiro.
Criada por uma mulher que foi vítima de assédio na infância, a campanha incentivou várias mulheres a denunciarem as experiências chocantes de assédio sexual que sofreram quando crianças ou adolescentes.
"Enterrávamos estes casos como se fosse culpa nossa. Agora, graças à Internet, estamos a unir-nos. Eu contei pela primeira vez sobre o assédio que sofri aos 11 anos quando eu tinha 27. Muitas mulheres estão a contar os seus casos com a hashtag e dizendo que é a primeira vez que estão a falar sobre o assunto. A força disso não tem mais volta. Sempre existiu o debate sobre o assédio. Mas a Internet juntou as vítimas. Antes, ninguém falava sobre isso e assim o assunto morria. É importante que as pessoas percebam que são vítimas e, muitas vezes, não vão perceber sozinhas",
disse Juliana à BBC Brasil.
Juliana De Faria referiu ainda que o principal problema é que o homem se sente "protegido" pela sociedade, que erotiza o corpo da menina desde cedo e, como tal, sente-se "à vontade" para cometer o assédio.