Vincent Cassel trocou a França pelo Brasil há quatro meses e diz que a mudança está a ser ótima.
«A minha família está a adaptar-se muito bem. A Mónica está a melhorar no português e as minhas filhas, Deva e Léonie, falam melhor do que eu na verdade. Até tenho ciúmes. O meu sotaque francês é muito forte. Mas depois de dois "chopes" (cerveja), melhora», afirmou o ator ao
iG.
A viver num apartamento no Arpoador, na zona sul do Rio de Janeiro, Vincent Cassel é facilmente confundido com um carioca pois, apesar do sotaque francês, já utiliza palavras da gíria brasileira como «caraca» e «tranquilo» e prefere ser chamado de Vicente.
«Gosto da sonoridade. É mais fácil», afirmou o ator, de 46 anos, que teve o primeiro contato com o Brasil através da banda sonora do filme «Orfeu Negro», composta por Vinicius de Moraes e Tom Jobim. Em 1989, aos 23 anos, o ator viajou para Salvador para aprender a jogar capoeira. Agora voltou com a família.
Questionado sobre porque decidiu mudar-se para o Brasil, o ator confessa que quis fugir da situação «difícil» pela qual a França está a passar.
«O momento lá está difícil por causa da crise e deste governo perdido, que diz ser de esquerda. Mas isso não existe. Nós até chamamos de esquerda caviar (risos). Fugi do mau ambiente em França, que é ruim e negativo».
No entanto, a rotina de trabalho continua a ser a mesma do que quando morava em Paris.
«Estou numa altura da minha carreira que não preciso de estar num lugar em particular para trabalhar. Viajo para fazer o filme», afirma o ator, que é protagonista de «Em Transe», de Danny Boyle.
O desejo de trabalhar com o diretor britânico foi o grande motivo para Vincent Cassel aceitar o convite.
«Mais do que tudo, queria trabalhar com Danny Boyle. Depois vi o guião e o papel. Já fiz muitos gangsters na minha carreira, mas nunca um deste tipo. Durante o filme, ele transforma-se numa figura romântica. É um gangster simpático», brincou o ator.
Apaixonado pelo Brasil e pelo cinema, Vincent que aproveitar a sua estadia no país para desenvolver projetor com realizadores e atores brasileiros.
Depois da experiência em «À Deriva», de Heitor Dhalia, em 2009, o ator francês vai participar num filme de Cacá Diegues.
«Ainda não posso dar muitos detalhes porque é ele quem vai anunciar, mas devemos começar a filmar ainda este ano. É uma história bem brasileira, com filmagens na Europa e no Brasil», afirmou Vincent confessando que gostava de contracenar com Lázaro Ramos, Wagner Moura, Selton Mello e Seu Jorge, de quem é fã: «É um grande ator e cantor. Adoro-o».
Vincent Cassel confessa ainda ser um grande «admirador» do cinema brasileiro e que a televisão não o fascina.
«Aqui há muitos talentos, mas é preciso dinheiro. Fazer filmes é caro e aqui o dinheiro vai todo para a televisão. Fazer novela? Para quê? Conheço atores de novela que não conseguem andar na rua. As pessoas gostam de ser famosas, mas para mim a liberdade é o mais importante de tudo. Ser famoso e não conseguir fazer nada? Ficar sozinho no meu Range Rover», afirma o ator, acrescentando que o mundo das celebridades é incompatível com o seu modo de vida.