Portugueses de várias gerações manifestam-se hoje em Lisboa para dizer que «está na hora de mudar» e que «o Governo deve ir para rua».
Milhares de pessoas, entre jovens e menos jovens, estão entre o Marques de Pombal e o Terreiro do Paço a manifestar-se num protesto convocado pelo movimento «Que se lixe a troika».
Camilo Cavalheiro, um reformado de 72 anos, participa pela primeira vez numa manifestação porque «nunca tinha sido roubado».
«O importante é mostrar o descontentamento para ver se este Governo muda», disse à agência Lusa, acrescentando que se sente completamente defraudado porque nas últimas eleições votou PSD.
A acompanhá-lo está outro reformado, de 73 anos, que afirmou que gostava «de ver este Governo pelas costas».
«Eu não sou alforreca», disse à Lusa Vasco Marcos adiantando que há muita gente que continua «com grandes reformas, sempre retirado aos mesmos».
Com um cartaz «está na hora de mudar», o professor Rui Petisca sublinhou à Lusa que o país «está numa situação insuportável», sendo necessário mudar o sistema político com o qual Portugal tem vivido nos últimos 30 anos.
«É um sistema que está instituído no meio político e é um jogo de interesses», defendeu o professor que é «precário» há 13 anos.
Outro manifestante com um cartaz a dizer «Prefiro cavalo na lasanha do que burros no Governo» também defende que o sistema político atual tem de mudar, mas não na lógica de governos PS, PSD ou CDS.
Gonçalo Falcão, diretor de uma empresa, é a segunda vez que participa numa manifestação, depois do 15 de setembro, e considerou estes protestos importantes para que o Governo veja «o descontentamento do povo português nas ruas».
O movimento «Que se lixe a troika» convocou para hoje manifestações em mais de 40 cidades, em Portugal e no estrangeiro para pedir o fim das políticas de austeridade.
Com o lema «Que se lixe a troika, o povo é quem mais ordena», a manifestação de Lisboa, que conta com o apoio da CGTP, coincide com a presença da delegação da troika (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional), na capital, para fazer a sétima avaliação do memorando de entendimento.
A PSP já anunciou que o policiamento para as manifestações vai ser «o adequado e necessário», para garantir a segurança.
As manifestações foram antecedidas por diversos protestos, junto de governantes, quase sempre ao som de «Grândola, Vila Morena».
LUSA