Paula e Ricardo Costa, ambos de 29 anos, conheceram-se aos 12, quando jogavam futebol no Boavista. Começaram a namorar aos 16, estão juntos há 13 e são pais de Gabriel, de 3 anos. Antiga ponta-de-lança, Paula Costa, que se licenciou em Filosofia, é uma treinadora de bancada atenta e exigente.
Nos tempos livres do actual defesa do Valência, é normal jogarem futebol os três. Paula diz que Ricardo é um pai carinhoso mas que, para colmatar a sua ausência, mima demais Gabriel e é ela que tem de pôr um travão, revela divertida.
Lux - A horas de rever o Ricardo, como geriram as saudades?
Paula Costa - As saudades já começavam a ser muitas e cada dia que passava era uma pequena tortura. Falámos muito ao telefone e via Internet, o que fez com que a distância ficasse mais curta. Fiquei triste com a expulsão e manchou o trabalho dele. Mas, no final do jogo, o árbitro reconheceu que tinha errado, pediu desculpa e até ficou com a camisola do Ricardo.
Lux - O Gabriel tem 3 anos. Como é que ele reage quando vê o pai na televisão?
P.C. - (risos) Ele costuma dizer que o trabalho do pai é chutar a bola. E na altura em que a equipa canta o hino, ele reconhece e grita por ele. Mas quando o jogo começa, ele não sabe bem distinguir o pai. É o Ronaldo, é o Tiago... Todos os que chutam a bola são o pai!
Lux - Também jogou futebol. Quer dizer que temos uma treinadora de bancada em casa?
P.C. - (risos) É verdade, dou apoio moral e técnico. Mas sou mais egoísta e olho mais para o trabalho do Ricardo e quero sempre que ele corresponda às expectativas do treinador, dos adeptos... Ele é um excelente profissional, muito dedicado e trabalha em prol da equipa. Quando as críticas são justas, sou eu mesmo que digo: «Ricardo, não estiveste bem, falhaste!». Se acho que é injusto, fico um bocado revoltada com as críticas, mas são coisas que acontecem.
Lux - Então, o Gabriel, além do pai, tem a mãe com quem jogar à bola?
P.C. - (risos) Completamente! Sempre que podemos, jogamos os três e o Ricardo não quer é que o Gabriel jogue à defesa. Está sempre a dizer para ele ir para a frente marcar golos e ser ponta-de-lança como a mãe.
Lux - Mas o futebol ficou para trás. O que é que fez?
P.C. - Sim, aos 18 anos, já tinha três operações ao joelho, entrei para a universidade, fiz o curso de Filosofia, depois terminei o Mestrado e quando o Ricardo foi jogar para a Alemanha tive de parar.
Lux - Isso deve provocar uma sensação amarga e de alguma frustração, mesmo que seja por amor?
P.C. - Sim, acabamos por nos privar da família, dos amigos e da nossa vida profissional. É claro que as pessoas pensam apenas no aspecto financeiro, o que não deixa de ser positivo, é verdade, mas não há realização profissional.
Lux - Gostavam de ter mais filhos?
P.C. - Sim, e eu gostava muito de ter uma menina, vamos lá ver...