«Espanca ¿ Eu não sou de ninguém» é um espetáculo de poesia encenada dedicado a Florbela Espanca, que estreou ontem no Rivoli, Porto, e inclui textos da poetisa, apontamentos biográficos e música, num «cocktail explosivo de emoções».

Em declarações à agência Lusa, Isabel Maya, diretora artística desta peça, que integra o projeto «Roteiros da Poesia Portuguesa», explicou que o objetivo «é o público conhecer os poetas através de uma linguagem diferenciada, onde a música é muitas vezes introduzida».

O espetáculo «de poesia encenada» será «um cocktail verdadeiramente explosivo do ponto de vista das emoções», onde o espectador «não terá a perceção de que está a ouvir poesia do início ao fim».

A encenação, dirigida por Roberto Merino, vai ser acompanhada pelo grupo musical «Ensemble Tutti per l'Arte», composto por dois pianistas, e por duas cantoras líricas, provando que «a poesia de Florbela é extremamente musicada e cantável».

Devido à «complexidade» da obra da poetisa, o processo de construção desta mostra durou quatro meses, e uma das preocupações foi «aniquilar a ideia de fatalismo que se prende muito com Florbela Espanca».

«Ela está associada à morte, à fatalidade, ao destino (¿) mas nós quisemos desmistificar isso. Queremos que as pessoas se apercebam que ela também foi feliz, alegre, soube amar e foi amada», explicou Isabel Maya.

Esta peça teatral «é uma mistura de textos poéticos e pequenas conversas de interação com apontamentos biográficos», o que permite ao público conhecer a obra e a vida do poeta ao mesmo tempo.

A intenção é «as pessoas não se esquecerem deles [os poetas], e perceberem que a biografia é importante mas aquilo que foi escrito é ainda mais importante», sublinhou Isabel Maya.

Em palco estarão 12 atores, duas cantoras e dois pianistas.

A peça integra o projeto «Roteiros de Poesia Portuguesa», promovida pela Vocare ¿ Instituição Profissional da Voz e da Comunicação, que já homenageou Ary dos Santos e Bocage.

«Espanca ¿ Eu não sou de ninguém» vai estar em cena no pequeno auditório do Rivoli, no Porto, até domingo, sendo que 20% das receitas das bilheteiras no sábado, e 60% no domingo, revertem a favor da AMI ¿ Assistência Médica Internacional.

LUSA