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Nacional
Vinte fadistas cantam Fernando Pessoa nos seus 125 anos
Ana Moura - Música - Nomeada Personalidades Feminas Lux 2012
Redação Lux em 8 de Dezembro de 2013 às 13:40
Vinte artistas nacionais e o espanhol Patxi Andión interpretam poemas de Fernando Pessoa, celebrando os 125 anos do nascimento do poeta, num álbum intitulado «O Fado e a Alma Portuguesa».

O espanhol Patxi Andión, que canta no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, e segunda-feira, na Casa da Músca, no Porto, partilha com a fadista Ana Moura a interpretação de «Vaga, no azul amplo solta», com música de Andión.

Fernando Pessoa afirmou ao Diário de Notícias, em 1929, que «a canção é uma poesia ajudada» e, referindo-se ao fado, sobre o qual escreveu «Há uma música do povo», o poeta disse que «não é alegre nem triste». «É um episódio de intervalo».

«Domou-o a alma portuguesa, quando não existia, e desejava tudo sem ter força para o desejar», acrescentou Pessoa, referindo que, «no fado, os Deuses regressam legítimos e longíquos».

O CD junta temas inéditos com outros já registados como «Há uma música do povo», musicado por Tiago Machado, que Mariza gravou em 2005, no álbum «Transparente».

A fadista tinha já gravado, do poeta de «Mensagem», o poema «Cavaleiro monge», com música de Mário Pacheco.

Entre as composições inéditas, conta-se a interpretação, por Mafalda Arnauth, de «Cai chuva do céu cinzento», na música do fado Menor, com arranjos de Fernando Leite, que terá sido o primeiro poema de Pessoa capturado pelo universo fadista, gravado por Tereza Tarouca, no início da década de 1970.

Entre os inéditos contam-se «Houve um ritmo no meu sono», por Carminho, «Olha-me rindo uma criança», por Ricardo Ribeiro, e «Montes e a paz que há neles», por Ana Sofia Varela, todos com música de Diogo Clemente, e ainda «A tua voz amorosa», por Debora Rodrigues, com música de Samuel Lopes, e «Não sei quantas almas tenho», por Ana Laíns, com música da própria e de Paulo Loureiro.

«O Fado e a Alma Portuguesa», editado pela Seven Muses e a Warner Music, tem uma «edição especial», que inclui um livro bilingue ¿ português e inglês - com textos que contextualizam a poesia de Fernando Pessoa, nomeadamente de autoria do músico e editor discográfico Samuel Lopes, fotografias dos artistas e os poemas cantados. A tradução para inglês dos poemas foi do investigador Richard Zenith, especialista na obra de Pessoa. Os textos são traduzidos por Alexis Levitin.

Num dos textos, Samuel Lopes refere que o poeta é cantado desde a década de 1970 por vozes como José Campos e Sousa, João Braga, Carlos do Carmo, Frei Hermano da Câmara e Maria da Fé, entre outros, e recorda declarações de Amália Rodrigues, em 1989, segundo a qual, «a poesia de Fernando Pessoa era mais para ser lida e refletida do que para ser cantada».

Entre as 21 vozes escolhidas contam-se ainda as de Rodrigo Costa Félix, Patrícia Rodrigues, António Zambujo, Pedro Moutinho, Cristina Branco, Helder Moutinho, Maria Ana Bobone e Kátia Guerreiro.

Uma escolha que evidencia a afirmação de Samuel Lopes, de que, «só a partir dos [anos] 1990, com as gerações de fadistas que emergiram nessa década, é que de uma forma regular se tem interpretado no fado a poesia homónima e heterónima do poeta».

Fazem também parte do grupo de intérpretes, Camané, que interpreta «Quadras», Mísia e Paulo Bragança, que cantam, respetivamente, «Dança de mágoas» e «Na ribeira deste rio».

Fernando António Nogueira Pessoa nasceu em Lisboa, no dia 13 de junho de 1888, sendo autor de obra vasta e plural, escrita em português e também em inglês.

O autor publicou poucos textos em vida, um deles foi «Mensagem» (1934), tendo a maior parte da sua obra sido publicada na segunda metade do século XX. Atualmente, continuam a surgir inéditos.

Numa nota biográfica que escreveu meses antes de morrer, em Lisboa, a 30 de novembro de 1935, Pessoa afirmou-se poeta e escritor «por vocação».

Lusa
Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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