A maestrina Joana Carneiro dirige hoje a Segunda Sinfonia de Gustav Mahler, «Ressurreição», em Lisboa, com a Orquestra Sinfónica Portuguesa (OSP), o Coro do Teatro S. Carlos e as cantoras Dora Rodrigues e Maria José Montiel.
O concerto está marcado para as 17:00, no grande auditório do Centro Cultural de Belém.
Em declarações à Lusa, a maestrina de 37 anos assinalou os «contrastes» da peça e realçou «as indicações precisas» dadas pelo compositor.
«Esta é uma obra cheia de contrastes que até o próprio Mahler identificou e, por isso, escreveu, por exemplo, uma pausa entre o primeiro e o segundo andamento, que devia ser inferior a cinco minutos, exatamente pelo contraste, para termos tempo para passar de um andamento para o outro, de uma forma musical e natural», afirmou.
A experiência de Gustav Mahler (1860-1911) como maestro é notada nas suas composições, disse a maestrina, referindo que o compositor «muitas vezes colocou indicações que advêm da experiência de dirigir».
«Nota-se bem nas partituras, a influência que vem a direção de orquestra. Eu, que dirijo orquestras, noto bem a influência que a direção de orquestra tem no compositor, pelas indicações que dá, tão específicas, em termos dinâmicos, da gestão do próprio som, da gradação dinâmica, da arquitetura, do quão fluida a música deve ser, até onde deve ir. É extraordinariamente específico de uma forma que não se encontra noutra partitura», sublinhou.
A sinfonia foi escrita entre 1888 e 1894 e, segundo a maestrina, reflete muito daquilo que, naquele período, Mahler experienciou e viveu.
A Sinfonia «Ressurreição» narra a queda e morte do herói, as suas dúvidas e a fé na ressurreição, no juízo final. O primeiro andamento é sobre a morte, no segundo há uma revisitação/memória da vida, o terceiro representa a dúvida e a incerteza no destino. No quarto é readquiria a fé e, no quinto andamento, o derradeiro, coral, verifica-se a ressurreição.
Lusa