"Retrata muito bem o António, nas suas fraquezas e grandezas, nas suas misérias, preocupações e dificuldades, e sobretudo no seu amor por duas senhoras: a Amália Rodrigues e a nossa mãe.” As palavras são de Jaime Ribeiro, um dos irmãos de António Variações que fizeram questão de estar presentes no dia em que a peça “Variações, de António” estreou na Sala Estúdio Mário Viegas, no Teatro Municipal São Luiz, em Lisboa.
O texto e a encenação são de Vicente Alves do Ó, desafiado por Sérgio Praia, o ator que dá vida em palco a António Variações: “A primeira reação foi entrar em pânico, porque é uma pessoa muito viva. Há família, amigos… Toda a gente conheceu uma faceta dele”, diz o autor. Para Sérgio, esta é muito mais do que uma perfeita transformação física: “Não foi difícil, porque já ando com ele há muito tempo na cabeça, mas nunca o tinha feito no palco. A família ajudou-me muito a construir a personagem. Claro que o António é o António e eu sou eu. De vez em quando, tivemos de ir para um lado mais ficcional, para não cair na coisa de querer ser aquilo que nunca vamos conseguir ser. Foquei-me no objetivo de vida do António e na teimosia, com que me identifiquei.” Sérgio assume que o facto de ter irmãos do cantor na plateia foi “especial”: “À medida que eles iam chegando, espreitava pelo canto do olho, a pensar: ‘Não posso olhar para ali...’ Ter a família dele na plateia deu mais sentido a tudo, tornou esta coisa mais verdadeira.”
Para Luiz Ribeiro, também cantor, oito anos mais novo do que Variações, foi uma noite muito emotiva: “Houve momentos em que ouvi a voz do António. Está muito bem conseguido. É uma sensação estranha. Vivi dois anos com o António. Trouxe-me para Lisboa em 1964. Estive a cargo dele e foi como um segundo pai para mim.”
