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Nacional
Cantora Isaura reflete sobre a experiência do cancro: 'A vida é uma coisa muito diferente daquilo que se vê nos nossos telefones'
Isaura Foto: DR
Redação Lux em 24 de Abril de 2020 às 13:14

A cantora e compositora Isaura cuja canção "O Jardim" venceu, em 2018, o Festival da Canção, continua a lutar contra um cancro da mama, em plena pandemia Covid-a9.

A cantora de 30 anos realiza os tratamentos necessários e é da sala de tratamento que partilha, com os seus seguidores, as suas reflexões sobre a doença que a acometeu.

Num sensibilizante post, Isaura reconhece a realidade que a avassala, tão longe da realidade que se vê nas fotografias das redes sociais e observa as pessoas que a rodeia e que passam pela mesma situação reconhecendo o quão fortes, amáveis e gentis são.

"Se me tivessem perguntado se queria ter cancro evidentemente que escolhia, assinava e lacrava o contrato de não ter. Quando penso sobre isto vem-me sempre à cabeça aquela cena do Scary Movie em que ela vai a fugir e se depara com e por esta ordem: uma banana, uma bomba, uma faca militar, uma faca de cozinha e uma pistola. Rio-me sempre como se tivesse ficado condenada à banana; do género, se escolhi fiquei claramente com a banana! Voltando ao assunto: preferia não ter cancro e não saber o nome de certos medicamentos. Mas no segundo em que jogo sozinha e na minha cabeça ao “Preferias” também pondero que se esta fava não me tivesse calhado não saberia quão fortes as pessoas são. Mas fortes de verdade, na realidade!, não fortes na superfície epidérmica da palavra; fortes mesmo. E não falo de mim, falo das pessoas com o dobro e quase triplo da minha idade que me acenam do outro lado da sala porque sou sempre (ou quase sempre) a mais nova que por aqui passa. A vida é uma coisa muito diferente daquilo que se vê nos nossos telefones, é muito mais do que a curadoria com que vestimos os nossos feeds. A vida são estas pessoas rijas que se introduzem umas às outras com as maleitas - porque é isso que as une - e que passadas três frases se dão a conhecer com tanta comoção. Falam da terra onde cresceram, dos ofícios que aprenderam e dos planos que ainda hão-de realizar. Aprendo muito só a observar."

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Da sala de tratamento - Se me tivessem perguntado se queria ter cancro evidentemente que escolhia, assinava e lacrava o contrato de não ter. Quando penso sobre isto vem-me sempre à cabeça aquela cena do Scary Movie em que ela vai a fugir e se depara com e por esta ordem: uma banana, uma bomba, uma faca militar, uma faca de cozinha e uma pistola. Rio-me sempre como se tivesse ficado condenada à banana; do género, se escolhi fiquei claramente com a banana! Voltando ao assunto: preferia não ter cancro e não saber o nome de certos medicamentos. Mas no segundo em que jogo sozinha e na minha cabeça ao “Preferias” também pondero que se esta fava não me tivesse calhado não saberia quão fortes as pessoas são. Mas fortes de verdade, na realidade!, não fortes na superfície epidérmica da palavra; fortes mesmo. E não falo de mim, falo das pessoas com o dobro e quase triplo da minha idade que me acenam do outro lado da sala porque sou sempre (ou quase sempre) a mais nova que por aqui passa. A vida é uma coisa muito diferente daquilo que se vê nos nossos telefones, é muito mais do que a curadoria com que vestimos os nossos feeds. A vida são estas pessoas rijas que se introduzem umas às outras com as maleitas - porque é isso que as une - e que passadas três frases se dão a conhecer com tanta comoção. Falam da terra onde cresceram, dos ofícios que aprenderam e dos planos que ainda hão-de realizar. Aprendo muito só a observar.

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Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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