Com os homens que batem em mulheres, Simone de Oliveira seria implacável: «Dava-lhes prisão perpétua!», diz Simone de Oliveira porque é uma dor pela qual já passou.
A artista, de 77 anos, revelou ao comentador Hernâni de Carvalho, da SIC, ter sido vítima de violência doméstica, uma fase da vida que silenciara durante muito tempo.
Tinha 19 anos e esteve «casada [durante] três meses»: «Sabia o que não queria, e não queria aquilo, com certeza. Contra as instituições e a sociedade, saí, fugi [de casa]», contou num testemunho transmitido no programa «Queridas Manhãs».
As agressões eram sobretudo físicas: «Bater, tentar quase matar. Não era aquilo que eu tinha visto em casa dos meus pais, dos meus avós. Da primeira vez que aconteceu, foi muito mau; da segunda, foi muito mau; da terceira, foi muito mau. À quarta, eu disse: Não! Com a minha forma de ser, teria sido eu a fazer qualquer coisa que não queria», explicou a cantora e atriz.
Tratava-se do seu primeiro casamento, numa época em que os divórcios eram mal vistos. Ainda assim, arriscou e fugiu para casa dos pais, que a apoiaram: «Lembro-me de a minha mãe ter caído para o lado e ter ficado seis meses na cama. Pensei nessa altura: «Se a minha mãe morrer, eu mato-me!»
Entrou numa depressão que, quis o acaso, curou através da música, quando o seu pai a inscreveu na Emissora Nacional, por recomendação médica.
Com a ajuda de testemunhas que assistiram a parte das agressões em público, conseguiu o divórcio.
Voltou a casar-se com António Mano, com quem teve dois filhos, e, mais tarde, casou-se com o ator Varela Silva, de quem é viúva.