A última sessão do julgamento em que Manuel Maria Carrilho é acusado do crime de violência doméstica foi marcada por um clima de grande tensão.
Bárbara Guimarães não escondeu o nervosismo enquanto era interrogada pelo advogado do ex-marido. Paulo Sá e Cunha tentou fragilizá-la e provar que mentiu, ao longo dos anos, em várias entrevistas que deu sobre o marido e o casamento. Bárbara justificou os elogios públicos que sempre fez a Carrilho com a necessidade de se proteger e aos filhos.
“Não ia dizer às revistas o que se estava a passar na minha vida pessoal, o que se estava a passar na minha casa. Nunca disse!”, afirmou.
A certa altura, ainda a sessão ia no início, a apresentadora afirmou que tinha medo do ex-marido. Sentado atrás dela, o antigo ministro riu-se.
Bárbara não se conteve e explodiu. “Não se ria! Isto não tolero. Isto é uma tensão absoluta, ele aqui sempre aos risinhos”, disse a estrela da SIC à juíza.
Para acalmar a situação, Joana Ferrer pediu ao antigo ministro para se mudar para outro lugar, mais distante da ex-mulher.
“Hoje vejo-a mais crispada do que é habitual”, disse a juíza para Bárbara.
A tensão manteve-se durante toda a sessão, em que foram analisadas exaustivamente várias declarações dadas pela apresentadora aos órgãos de comunicação social entre 2011 e 2013. Exaltada e para explicar as consequências dos constantes insultos do ex-marido, Bárbara acabou por fazer uma chocante revelação.
“Sabe o que ele fez quando eu tive a Carlota? Desculpe, senhora juíza, mas acho que é importante, como mulher, dizer uma coisa destas, para se perceber estas questões da autoestima. Pensei várias vezes que ele tinha de ser tratado. Quando tive a Carlota, não imagina o que este homem fez para que eu laqueasse as trompas. Graças a Deus, a minha obstetra… Eu disse à minha médica: ‘Tem de ser, Madalena,
tem de ser! Ele quer muito e diz que é pela nossa vida, pela vida dele, para fechar o ciclo dos filhos.’
A minha médica disse-me que, assim, não fazia! Ele ficou ofendido por ela não ter feito e por eu não ter insistido. Como a Carlota nasceu de cesariana, eu podia ter feito. Eu disse-lhe para ela fazer, e a minha obstetra disse que não fazia, e que se fosse preciso falava com o meu marido… Estou a tentar que o tribunal perceba que quando se está com uma pessoa que não está bem e temos de trabalhar, cuidar dos filhos e recuperar de uma gravidez com ele permanentemente a dizer que eu estava gorda… Uma mulher que começa a ter uma baixa autoestima por causa de um marido que está permanentemente a denegri-la logo após ter os filhos…”, disse.
À saída do tribunal, Manuel Maria Carrilho não se quis alongar sobre o assunto, justificando-se com a ignorância: “Eu nem sei o que é isso, para ser franco”, afirmou.
Durante a audiência, Bárbara deixou ainda no ar, por duas vezes, que terá tido uma gravidez antes de Carlota, dando a entender que terá sofrido um aborto.
A apresentadora explicava à juíza o tipo de relação que mantinha com os cunhados Francisco e Eunice Carrilho e relatava uma ida a Coimbra, durante a fase inicial da gravidez de Carlota, quando deixou escapar a informação: “Fui a Coimbra ter uma consulta, porque a minha obstetra
não estava. Só para ver se estava tudo bem, porque tinha tido um problema antes…”, disse.
A dúvida que ficou no ar foi desfeita minutos depois, quando Bárbara revelou que teve, de facto, outra gravidez antes da gestação de Carlota. “Eles [os mesmos cunhados] foram a Paris uma vez comigo. Foi no dia em que soube que estava grávida, não da Carlota. Eles ficaram muito contentes quando lhes demos a notícia. Tínhamos uma relação cordial”, revelou.
Mais tarde, contactada através do seu assessor, a apresentadora não quis falar sobre o assunto. Ficam apenas as suas poucas palavras em tribunal, que mostram que sofreu um aborto entre 2004, ano do nascimento de Dinis Maria, e outubro de 2010, quando foi mãe de Carlota.
Carrilho também não quis abordar o assunto, já depois de terminada a audiência. “A Bárbara falará sobre o que entender. Sobre essas coisas, não me vou pronunciar”, disse.
Visivelmente abatida, Bárbara Guimarães não escondeu o cansaço e o desgaste que o julgamento lhe tem provocado. “Estou farta
de ser perseguida por este homem. Graças a Deus, tenho acompanhamento e teleassistência. Ainda hoje ele estava a barrar a minha entrada na sala do tribunal com aquele ar de sarcasmo. São muitas sessões… Ele é que é o arguido, eu sou a assistente. Estou a dar o meu melhor num processo dificílimo!”, realçou, emocionada.
A apresentadora teve de explicar ao advogado do ex-marido, Paulo Sá e Cunha, porque é que não saiu de casa, uma vez que tinha medo dos atos violentos do ex-marido, optando por mudar as fechaduras à revelia de Carrilho.
“Não foi só pelo facto de as casas serem minhas, mas não queria que os meus filhos tivessem instabilidade. Se saísse de casa, ele ia perseguir-me! Era pior para as crianças, tornava-me uma fugitiva. Achei melhor ficar em casa, porque assim os protegia mais”, justificou Bárbara, na última sessão do julgamento antes das férias judiciais.