Três meses depois da primeira audiência e da polémica à volta da juíza Joana Ferrer, que o Tribunal da Relação de Lisboa decidiu manter à frente do processo que opõe Bárbara Guimarães a Manuel Maria Carrilho (que neste processo está acusado de um crime de violência doméstica e de 21 crimes de difamação), a apresentadora da SIC e o ex-ministro voltaram a cruzar-se.
A palavra foi de novo dada à assistente, que nesta sessão tentou mostrar à juiza como as afirmações e os insultos públicos de que foi vítima por parte do ex-marido afetaram a sua vida e o seu estado emocional. Ao longo de quase quatro horas, Bárbara leu e comentou em voz alta as mais variadas notícias e entrevistas divulgadas na imprensa desde finais de 2013, altura em que se separou e apresentou queixa de violência doméstica no Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa.
“Ofensas, ofensas, ofensas... Acho que é horrível, enquanto mulher, olhar para páginas com este chorrilho de ataques, que no fundo continuam a ser as mesmas agressões, a mesma forma de falar como se estivesse à minha frente. Acho que isto é uma forma rasca. Isto não se diz, não se fala assim a ninguém”, desabafa.
Das várias alegações, destaca a acusação de violação por parte do ex-padrasto, uma situação que Manuel Maria Carrilho assegura ter sido do conhecimento da mãe da ex-mulher. “Foi violentíssimo, uma acusação hedionda que deixou toda a família triste. (...) Fui perdendo as forças, fui emagrecendo. Não tinha apetite, o estômago estava colado às costas”, declarou Bárbara ao tribunal.
A apresentadora recordou ainda o dia em que, à porta de casa, na presença dos filhos, foi questionada por um jornalista da CMTV sobre esta alegada violação.
“Eu entrei no carro e só pensava: ‘Será que o Dinis me vai perguntar o que é violar?’”, disse, chocada.
Esta segunda audiência ficou ainda marcada por um episódio insólito e, no mínimo, caricato, que revela o ambiente em que decorre o julgamento.
No segundo intervalo da audiência, Manuel Maria Carrilho seguiu Bárbara Guimarães até à casa de banho das senhoras e, com o telemóvel, fotografou a ex-mulher na companhia do seu agente, que o questionou sobre este gesto.
O ex-ministro ignorou-o. No final, já no exterior do edifício, Carrilho foi confrontado pelos jornalistas (alguns dos quais tinham presenciado a situação) e negou ter fotografado Bárbara. “Não sei de que estão a falar. Não tirei fotografias”, disse.