Os aplausos finais dura­ram uma eternidade e foi difícil para Ma­ria Rueff conter as lágrimas na sua estreia a solo, em “António e Maria”, um monólogo a partir de textos de António Lobo Antunes: se­ten­ta minutos de espetáculo em 
que a atriz dá tudo de si num registo mais dramático do que aquele que lhe conhecemos.

Na plateia, contou com os amigos de sempre e também com as três irmãs, muito orgulhosas da mais nova.

Ana Bola mostrou-se extasiada com a interpretação “brilhante” da amiga: “Ainda estou abananada com toda esta intensidade.A Maria esteve maravilhosa, emocionei-me imenso”, elogiou a atriz.

Amigo de Maria Rueff há muitos anos, Herman José também não poderia deixar de estar presente no dia em que a sua “pupila” se estreou num monólogo.“Achei este espetáculo atrevidíssimo, um verdadeiro luxo para qualquer ator, completamente avassalador… Eu nem duas páginas deste texto conseguiria decorar! Procurei distanciar-me da amizade que tenho pela Maria e achei que ela esteve ao nível dos melhores”, reconheceu o humorista, impressionado.

Depois de toda a força que transmitiu em palco, Maria Rueff surgiu tímida, no final, para receber os abraços  e elogios que a aguardavam no foyer do Pequeno Auditório do CCB, em Lisboa.

“Ainda estou a descer à Terra… Sou apaixonada pela obra do António Lobo Antunes há tantos anos que isto é como se fosse um mergulho em mim própria, um verdadeiro balanço artístico. Foi com ele que aprendi a transformar a dor em acidez e ironia. Este dia é muito especial para mim”, disse a atriz, que passou o dia da estreia “mais ou menos serena”, a tentar concentrar-se para o espetáculo. “Não consegui dar um beijinho à minha filha, que me dá sempre muita força”, lamentou-se. Laura, de 11 anos, fruto da relação da atriz com José Pedro Vasconcelos, ficou nessa noite em casa com uma tia: “Ela ainda é muito nova para ver este espetáculo. Talvez daqui a uns anos, se houver uma reposição”, explicou a atriz.