No seu
blogue, o manequim Luís Borges falou sobre a sua história de amor com o cabelereiro Eduardo Beauté, com quem é casado há 4 anos e com quem tem 3 filhos: Bernardo, Lurdes e Eduardo.
"Foram precisos 20 anos para descobrir o que realmente significava a palavra Amor, no estado mais puro e sincero. Até lá vivi a pensar que sabia o que era, vivi a achar que tinha que gostar de uma rapariga. Andava numa autêntica montanha russa de emoções, acreditava que gostava delas, falava em amor como se tratasse de algo simples. Vivi numa luta constante para que esse tal amor chegasse, e de repente encontrasse uma sintonia de sentimentos. Mas isso nunca aconteceu. Sofri e chorei. Até que percebi que talvez a única coisa que eu gostava, era o cabelo delas. Não existia desejo, apenas um sentimento que eu ainda não conseguia descrever. Mais tarde, encontrei-me e tive aquela que foi o primeiro sonho de amor. Finalmente tinha um namorado, uma pessoa que me preenchia e que eu acreditava que era perfeita. Sim eu sei que não existem pessoas perfeitas, mas nesta idade ainda tinha a ingenuidade para acreditar que sim. A adolescência consegue proporcionar-nos as paixões mais arrebatadores e os desgostos mais tenebrosos. Vivi com a maior das intensidades e sofri no dobro da medida. O que um dia seria um sonho, rapidamente se tornou numa desilusão. Não aprendi o que era amor e fui obrigado a sentir o sabor margo da traição. Foram momentos difíceis, não conseguia lidar com os meus sentimentos e emoções e acabei por me culpar por tudo o que correu mal. Tinha 21 anos quando tudo mudou na minha vida, quando realmente encontrei o Amor. Surgiu assim, de forma inesperada, sem planos, sem expectativas de que algo iria acontecer. O Eduardo entrou na minha vida por acaso, conheci-o durante uma entrevista de trabalho. Fui contratado, mas passados três dias de entrar ao serviço fui despedido. Ficamos amigos, mas nunca imaginei que um dia ele poderia ser meu namorado e muito menos meu marido. Não posso dizer que a diferença de idades não me assustava, afinal são 21 anos de diferença. Deixamos as coisas acontecerem e percebi que aqueles 21 anos nunca nos iriam separar, porque era muito mais aquilo que nos unia. Não tinha certezas de nada, mas sabia que queria arriscar. Dois anos depois casamos, decidimos que o nosso Amor era mais forte que tudo, que vencia preconceitos, tabus e todo o tipo de desaprovações. Esquecemos os outros e deixamos o nosso sentimento prevalecer. Não me casei para ser o pioneiro de nada ou para chocar quem quer que fosse. Casei por Amor e para provar todos os sentimentos que o Eduardo despertava em mim. Hoje, sei que foi um dos dias mais especiais e felizes da minha vida e uma decisão da qual nunca me irei arrepender. O Eduardo ama-me como eu sou, com todos os meus excessos, defeitos e manias. E claro, com todas as qualidades também. Não é possível descrever a fórmula do nosso Amor e sei que deve ser ainda mais difícil de perceber para alguns. Na realidade, nada podia ser mais natural ou genuíno. Completamo-nos, amamo-nos e acima de tudo respeitamo-nos muito, e acho que é por isso que estamos juntos até hoje. O Eduardo trouxe outras histórias de Amor à minha vida. Depois de nos casarmos conheci o Bernardo, o meu primeiro filho. Quando o conheci percebi logo que era especial, não por ter Síndrome de Down, mas por ter uma doçura no olhar que me conquistou de imediato. Assim que o senti no meu colo, percebi que as nossas vidas estavam ligadas. Engane-se quem pensa que só nós é que mudamos a vida do Bernardo, foi ele que mudou por completo a minha. Com ele, aprendi a dar importância às coisas mais simples, e não digo isto como um cliché, pois é a mais pura das verdades. Ele ensinou-me que para amar também é preciso fazer sacrifícios, que por vezes é necessário passar noites sem dormir, que é preciso ter o dobro da paciência. Mas ao mesmo tempo, tudo isto vale a pena, tudo ganha significado porque o Bernardo faz muito mais por mim, faz de mim o pai mais feliz. Os abraços deles derretem-me o coração e as suas gargalhadas mudam os meus dias. Ele podia ser, sem dúvida, a representação viva do que é Amor. Ao Bernardo juntaram-se a Lurdes e o pequeno Eduardo, que vieram encher a nossa casa com mais sorrisos. Eles são a prova de que o Amor não tem medida, não tem limites e não segue regras. Amor é aquilo que me une a mim, aos meus filhos e ao meu marido, todos os dias que passamos juntos. Amor é o que me move todos os dias, é saber que não importa o que acontecer, não interessam as noites perdidas ou discussões. Porque afinal o Amor também é feito disso, é feito de zangas e reconciliações, de tempestades e de paz, de alegrias e tristezas. Amar é ter a certeza que tudo pode acontecer, mas o sentimento vai permanecer intacto, indestrutível e ainda mais sólido. Amor é um sentimentos sem descrição, porque o amor somos nós que o fazemos!", pode ler-se.