Editorial
Se tivéssemos de atribuir um tema a esta edição, e tal ideia apenas ocorre agora, no final, quando já tudo está em página, ele só poderia ser um e apenas um: viagens. Viajar em todos os sentidos possíveis do termo. Viajámos fisicamente quando embarcámos na ideia de mostrar a última geração de iates, casas de luxo, verdadeiras ilhas flutuantes. Perante tal perspectiva, a resposta foi tão-somente «WHY not?» ¿ e lá dentro vai perceber a necessidade do estrangeirismo.
Viajámos ainda quando partimos na busca de hotéis brancos, alguns clássicos, outros acabados de inaugurar e até um que ainda está em projecto e que apenas poderá visitar para o ano. Ele transforma, quase subverte, tudo aquilo que primeiro se espera de um hotel, mas não necessariamente aquilo que se deseja. E a dica, antecipada e expectante, aqui fica. O que encontrámos foi surpreendente e deu pano para muitas páginas e inspiração para algumas outras. Partimos ainda, e sem pretensiosismo, em direcção ao futuro, arrastados por dois projectos arquitectónicos visionários, ainda que em diferentes posicionamentos na vanguarda da arquitectura. Com eles voltámos a apreciar a simplicidade das formas, a rusticidade do traço e, simultânea e contraditoriamente, a suaexuberância e a sua opulência. Paisagens que se encaixam ainda noutras inspirações, arrastadas estas pelas novíssimas tendências do design, acabadas de chegar das feiras internacionais, de onde trouxemos a bagagem a abarrotar de ideias e mais ideias. Design ao qual de-mos uma volta completa, para retornar ao sonho, sempre tão labiríntico e insondável. O mesmo sonho que guia o lápis no estirador, onde uma simples possibilidade ganha vida e nos encoraja a ir sempre mais além. É isso, afinal, que nos inspira e motiva, e porque, ainda que narcisista, viver rodeado de coisas que consideramos bonitas, torna-nos a vida melhor e mais apetecível, sobretudo numa época em que tudo nos parece fugir das mãos: a segurança financeira, a normalidade das estações do ano, a saúde do planeta¿ Se tudo aquilo que tínhamos como certo se assume incerto, mais vale, então, sonhar outras possibilidades e inventar novos caminhos, pelos quais possamos sempre e sempre voltar a partir.
Voltar a viajar, nem que seja apenas pelas
páginas de uma revista, onde não faltam ideias giras e muito high-tech para assistir ao Mundial de Futebol, naquele que deve sempre ser o melhor lugar do mundo: a nossa casa. Local de onde partimos e para onde regressamos.