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Nacional
Zé Perdigão apresenta novo álbum, «Sons Ibéricos»
Zé Perdigão
Redação Lux em 27 de Outubro de 2013 às 12:47
O cantor Zé Perdigão apresenta na terça-feira, em Lisboa, no Auditório dos Oceanos, o seu novo álbum, «Sons Ibéricos», que definiu como um trabalho «de raiz cultural ibérica» e de «desafio ao centralismo de Lisboa».

Em declarações à Lusa, o músico, natural de Guimarães e atualmente a residir na Curia, a 30 quilómetros de Coimbra, criticou «a globalização que centraliza, tornando Lisboa cada vez mais o centro das atenções».

«Portugal é mais do que isso, e o norte e o interior estão muito esquecidos», argumentou o cantor, que em «Sons Ibéricos» interpreta «Para lá do Marão», a única faixa gravada ao vivo, e «Sou galego (até ao Mondego)», dois temas com letra e música de José Cid, que é o produtor do álbum.

«Há que descentralizar os serviços, regionalizar, mas não repartir o país. Não faz sentido eu ter de fazer 400 quilómetros para dar um entrevista na televisão, ou ir gravar», disse.

Outra preocupação que procura evidenciar neste álbum é a «defesa da nossa Língua Portuguesa» e «como os rios não nascem no mar», Zé Perdigão afirmou-se «contra o Acordo Ortográfico».

«Não quero que a minha língua, que é a minha pátria, seja moldada por aqueles que não a inventaram», disse o intérprete, que neste disco canta poemas de Pedro Homem de Mello, Teixeira de Pascoaes, entre outros, como Djavan.

Referindo-se ao CD, Zé Perdigão começou a trabalhar nele há cinco anos, logo após a saída do seu álbum de estreia, «Fados do Rock», e conta, entre outros, com a participação do violoncelista Francisco Ribeiro, um dos fundadores dos Madredeus, que faleceu há dois anos.

«O Francisco [Ribeiro] fez ainda os violoncelos e está também por detrás de todo o trabalho, como a Joana de Oliveira, uma poetisa de Águeda, que seria a nova Florbela Espanca, mas que se suicidou aos 32 anos, em 2011», contou.

José Cid que o «descobriu» num festival de Guimarães é o principal autor do álbum, assinando três composições, para os poemas de Joana de Oliveira, «Lenda da Cidade», de Federico García Lorca, «Meu grito», e de Teixeira de Pascoaes, «Alvas brumas do Norte», a letra «Aranjuez», para um excerto da composição clássica de Joaquín Rodrigo. Cid adaptou e interpreta com Perdigão «Milho Verde», uma canção tradicional da Beira Baixa, e assina a letra e música de quatro temas, entre eles um do seu próprio repertório, «Morrer de amor por ti».

«Milho Verde» é uma homenagem ao José Afonso e à música tradicional, cantando ainda deste repertório «Senhora do Almortão», disse o cantor.

No espetáculo de terça-feira, às 21:30, no Auditório dos Oceanos, participam José Cid e as Adufeiras de Idanha-a-Nova que, com Perdigão, vão interpretar três temas.

O CD é constituído por 14 temas, entre os quais, «Bandoleiro», de Ney Matogrosso, «Esquinas», de Djavan e «Gondarém», que »é uma homenagem à saudosa Amália Rodrigues, a um grande compositor, Alain Oulman, e a um senhor poeta, Homem de Mello», disse.

Perdigão afirmou-se «apaixonado pelos grandes poetas que temos», e afirmou que, «apesar de escrever umas coisas», prefere «cantar os outros». «Eu sou essencialmente uma voz», sentenciou.

O álbum é «o enamoramento da guitarra portuguesa com a guitarra flamenca», disse o cantor, que se escusou a catalogá-lo.

«A música para mim, ou gosto ou não gosto. Não tenho prateleiras para a música», rematou.

Lusa
Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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