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Nacional
Diogo Infante estreia «Preocupo-me, logo existo» em Macau
Diogo Infante
Redação Lux em 24 de Junho de 2012 às 13:09
Dez anos após ter concluído em Macau a digressão de «Sexo, Drogas e Rock&Roll», o ator Diogo Infante estreia na segunda-feira no território «Preocupo-me, logo existo», um «grito de revolta» de muitas inquietações e ansiedade.

«Esta peça, digamos, é um grito de revolta do Eric Bogosian, que é um autor que eu conheço bem e com o qual me identifico porque tem uma forma de colocar em palavras e no texto muitas das nossas inquietações e ansiedades», explicou Diogo Infante à agência Lusa, salientando que a peça apenas estreia em Lisboa a 13 de julho, no cinema São Jorge.

Para o ator português, Bogosian transporta para o texto de «forma muito corrosiva, muito humorística» aquilo que é o pensamento de parte da sociedade e, na fase em que se encontra da vida era algo apetecível fazer para que «pudesse também gritar ao mundo» e ter personagens que lhe permitissem «devolver um bocadinho da ansiedade» que os portugueses estão a viver, «destas preocupações generalizadas».

«A preocupação é uma medida da nossa existência e a grande questão é quanto é que nos preocupamos, quanto é que estamos realmente preocupados?», questiona o ator.

Apesar do divertimento, Diogo Infante não esconde a «inquietação sobre a qual nós todos temos que refletir e é evidente que estou a falar de nós, sobretudo aqueles que vivem em Portugal, porque está uma crise instalada que nos obriga a refletir sobre os paradigmas, sobre os modelos em que a sociedade moderna assenta».

«Acho que estamos a atravessar uma fase muito interessante, é um momento histórico de transição, de mudança para alguma coisa que tem necessariamente de ser diferente porque se percebeu que os modelos de alguma forma estão esgotados», salientou, ao destacar, também, a atualidade do texto, dos pensamentos e intervenção social, que também se faz através da representação.

Diogo Infante especifica que «Bogosian escreve através de várias personagens que são basicamente desenhadas a traço grosso e portanto existem em todas as sociedades modernas», desde o taxista, ao médico são personagens que se podem identificar com alguma facilidade e que, através deles, «discursos (¿) que são, às vezes, ridículos ou absurdos de tão extremados, mas que, infelizmente, que expressam muitas vezes opiniões generalizadas, perigosas, assustadoras e que causam desconforto».

Com estreia marcada para segunda-feira no Centro Cultural de Macau, Diogo Infante promete uma noite divertida, mas também séria, uma noite atual e sem papas na língua, sempre nas palavras de Eric Bogosian, que se aplicam a muitas realidades.

Dez anos depois de ter estado em Macau, o ator destaca a perceção de que a atual região administrativa especial chinesa é, ou continua a ser, «de alguma forma o paraíso» para a comunidade oriunda de Portugal que aqui reside.

«Percebi (nas poucas horas antes da entrevista) que grande parte da comunidade portuguesa que vivia aqui há 10 anos, ainda cá está, ou seja, estamos a falar de cerca de 4.000 pessoas, ou seja, percebo que isto possa ser de alguma forma um paraíso, mais ainda nos dias que correm», disse.

Por outro lado, constatou que a «densidade de construção é brutal e isso significa que há dinheiro e se há dinheiro há investimento, há dinâmica».

«É algo que eu suponha que acontecesse. Já há 10 anos me tinha apercebido que Macau era uma cidade muito vital, muito dinâmica, muito atrativa também por isso. Estou muito curioso para descobrir mais em detalhe essas transições», concluiu Diogo Infante.

Lusa
Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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