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Lídia Jorge elogia «riqueza semântica» de Mário de Carvalho
Apresentação do livro «Rio Homem» de André Gago
Redação Lux em 5 de Outubro de 2013 às 10:30
A romancista Lídia Jorge considerou, na sexta-feira à noite, em Penafiel, que Mário de Carvalho é o escritor da sua geração que, "do ponto de vista semântico, maior riqueza apresenta".

"Há um grotesco sublime na escrita do Mário que toca as pessoas", vincou Lídia Jorge quando comentava a obra de Mário de Carvalho, escritor que está a ser homenageado pelo festival literário Escritaria.

A propósito de "A liberdade de pátio", o novo livro de contos do escritor, que foi apresentado em Penafiel, Lídia Jorge sublinhou a capacidade de Mário de Carvalho de, na sua escrita, evidenciar "a realidade que se vive, mas através de elementos que são do domínio do fantástico".

"Faz isso com uma tal precisão que todos percebemos a que universo ele se dirige", observou.

Para Lídia Jorge, que falava perante um auditório de algumas centenas de pessoas, Mário de Carvalho "tem a ironia e a arte de sofrer longe e rir perto".

"É isso que a obra dele faz. É preciso ser um escritor talentoso e inteligente", realçou, acrescentando: "Estamos perante o escritor mais querido, aquele que mais afeto desenvolve entre os colegas da ficção e poesia."

A romancista também considerou Mário de Carvalho como "um camarada extraordinário para os seus colegas de letras".

"É um leitor dos outros escritores e faz a ponte entre as várias gerações", anotou.

Antes, a docente da Faculdade de Letras de Lisboa Paula Morão, convidada pelo Escritaria para falar do novo livro do escritor homenageado, salientou naquele trabalho a presença da "ironia absolutamente corrosiva e fina que atinge os limites da sátira".

"Encontramos neste livro magnífico o retrato de uma sociedade que funciona como histórias exemplares", disse, elogiando os "contos intemporais, mas que se situam no nosso tempo".

Na apresentação do livro, o editor Manuel Alberto Valente elogiou o festival literário de Penafiel, considerando-o "uma espécie de Prémio Nobel da literatura portuguesa".

"Ser convidado do Escritaria representa uma grande consagração para um escritor português", destacou, aplaudido pelo público.

O homenageado da noite fez uma intervenção breve, dizendo-se muito sensibilizado pelo carinho que estava a receber pela organização do evento.

"O Escritaria é um caso único neste país", elogiou, remetendo para sábado uma intervenção mais alongada, quando ocorrer uma conferência sobre a sua obra, com vários convidados.

Sobre o seu novo livro, disse "nada haver nele de autobiográfico."

"As minhas histórias são inventadas com aquilo que me ocorre", precisou, frisando que na sua escrita há "a intenção de ultrapassar a solenidade e a solidez associadas à literatura".

Na abertura da edição deste ano do festival literário, foi inaugurada a inscrição de uma frase de Mário de Carvalho, cujas letras, em metal, foram colocadas numa nova praça da cidade de Penafiel designada "Escritaria".

Até domingo, teatro de rua, conferências e apresentações de livros são outras atividades incluídas naquele festival literário organizado pela câmara local.

Nas edições anteriores do Escritaria foram homenageados os escritores Urbano Tavares Rodrigues, José Saramago, Agustina Bessa Luís, Mia Couto e António Lobo Antunes.

Lusa
Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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