A banda portuguesa The Gift abriu na sexta-feira a programação do palco alternativo do Rock in Rio em uma apresentação enérgica, ao lado do grupo de percussão brasileiro Afro Lata, com direito a uma referência a Carmem Miranda.

A parceria partiu de uma proposta da banda portuguesa, que teve contato com o trabalho realizado pelos músicos brasileiros há cerca de três anos.

«Quando conhecemos o trabalho do Afroreggae, pensamos que podia ser muito interessante fazer essa junção, dar um ritmo um bocadinho diferente, um bocadinho tropical [ao concerto]», afirmou à Lusa a vocalista Sónia Tavares, que se apresentou com adereços que faziam referência «à imortal» cantora luso-brasileira Carmem Miranda (1909-1955).

O Afro Lata é conhecido como o braço de percussão do projeto social Afroreggae, surgido em 1993 na favela do Vigário Geral, na zona sul do Rio de Janeiro, e que realiza atividades de inclusão social com pessoas carenciadas a partir de atividades culturais.

O concerto, que abriu a programação do dia cerca das 15:00 locais (19:00 de Lisboa), começou com poucas dezenas de pessoas e terminou com a plateia praticamente lotada, com uma audiência a gostar do que descobria.

«Estávamos um bocadinho receosos, mas de repente vimos a plateia praticamente cheia e as pessoas estavam a durar, estavam a entregar-se completamente, mesmo as que não conheciam as canções», celebrou a vocalista.

Na plateia, as pessoas paravam para olhar a apresentação, inicialmente apenas por curiosidade, mas acabavam por ficar, agradadas com o que viam. A conquista definitiva aconteceu já na terceira música, quando o grupo tocou «Índios», um tema da banda brasileira Legião Urbana.

«A gente veio [para o concerto] no susto, porque não conhecíamos, mas estamos a achar muito bom mesmo, foi uma descoberta e com certeza vai entrar na nossa lista», afirmou a estudante brasileira de 15 anos Mariah Vecchi.

Luiz Guilherme Pinheiro, um dos fãs de Bon Jovi, que viajou do Maranhão, na região nordeste do Brasil, apenas para o Rock in Rio, decidiu chegar cedo ao evento para «aproveitar de tudo» e se disse ter ficado «impressionado» com a atuação da banda portuguesa.

«Achei excelente, não conhecia e fiquei com vontade de conhecer mais», disse o estudante de Medicina à Lusa.

A vocalista Sónia Tavares, que já foi responsável por abrir um dos dias do Rock in Rio-Lisboa no palco principal, conta que sensação é «totalmente diferente» e que o Brasil é ainda «um desafio».

«Em Portugal, tocámos no palco Mundo [principal], foi o meu primeiro concerto depois de ter dado à luz, e não tinha certeza como ia ser, mas assim que entrei no palco, estava toda a gente a cantar. Aqui é diferente, é um desafio, é conquistar novas pessoas e novos públicos», comparou.

Esta foi a segunda atuação dos The Gift num Rock in Rio no Brasil, que se apresentou na última edição, de 2011, como convidada da banda The Asteroids Galaxy Tour, e na edição de 2012 do Rock in Rio-Lisboa.

Lusa