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Nacional
Redação Lux  com Lusa em 28 de Abril de 2010 às 16:16
Fotos: Simone de Oliveira regressa aos palcos com «Jardim Suspenso»
O «Jardim Suspenso», de Abel Neves, não é redondo, mas é na mesma uma arena onde se digladiam as personagens, contrapondo razões a emoções que desconhecem e não entendem, num diálogo de surdos.

A peça estreia esta quinta-feira, no Teatro Nacional D. Maria II, numa encenação de Alfredo Brissos.

«Jardim Suspenso» apresenta-nos a jovem Luzia (Carla Chambel), que é arquitecta e concebeu este espaço despojado - apenas composto por fina areia branca e duas pedras - no antigo quintal de casa dos pais, uma casa que abandonou por três vezes e à qual regressou sempre a pedido de Mateus (Carlos Oliveira), o seu amor.

É a ele que Luzia dedica o jardim, que a família - composta pelo pai (Manuel Coelho), a mãe (Carmen Santos) e a avó (Simone de Oliveira) - se prepara para inaugurar, quando Mateus, seu meio-irmão, anuncia que se vai casar com outra mulher, Paula (Luciana Ribeiro).

A partir desse momento, Luzia desiste de comer, depois das palavras e, finalmente da vida, numa espiral de dor e dormência em que se fecha aos outros, deixando apenas a avó ampará-la, embalá-la.

«Esta peça é uma condensação de afectos bastante perturbadora. Penso que, com as nossas memórias, todos nos revemos em muitas coisas que nela sucedem. Não propriamente na situação, mas naquilo que nos transporta para a perda, para o amor não correspondido, para um ideal que nós defendemos e que, de repente, mais ninguém persegue, para um espaço que nós sacralizamos e que é dessacralizado por todos os outros», disse à Lusa o encenador.

Ao longo de uma hora e cinquenta minutos, ódio, amor, raiva, frustração, vazio e impotência são algumas das emoções que desfilam neste jardim de design Zen que se transforma num coliseu romano, e em que a morte surge como uma escolha.

Para Simone de Oliveira, este foi um dos papéis mais difíceis que já fez: «Eu tenho a idade que tenho e tenho netos. E já passei as agruras todas da vida. É doloroso [representar esta avó], porque há muitas coisas que estão cá dentro e são trazidas ao de cima (...) Esta mulher, a partir de determinada altura, percebe perfeitamente o que a neta quer. E aceita - com mágoa, com desgosto, mas aceita».

«Jardim Suspenso» vai estar em cena na sala estúdio do Teatro Dona Maria II até 30 de Maio, de quarta-feira a sábado às 21:45 e ao domingo às 16:15. Depois parte para o Brasil.

Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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