PUB
PUB
Nacional
Psicólogo Eduardo Sá: ' quarentena e TPC’s não ligam da melhor maneira. Porque as crianças e as famílias estão exaustas'
Eduardo Sá
Redação Lux em 15 de Maio de 2020 às 16:37

O psicólogo Eduardo Sá chama a atenção novamente para a realidade difícil da telescola e da gestão desta com o teletrabalho dos pais e os desafios impostos às famílias pelo confinamento.

"Quarentena e TPC’s também não ligam da melhor maneira. Porque as crianças e as famílias estão exaustas", evidencia.

Questionando os trabalhos de casa já na época pré-Covid-19, o profissional argumenta: "Até Março, os trabalhos de casa, feitos à pressa, entre o banho o jantar, com os pais cheios de “bicho carpinteiro” e as crianças cansadas e stressadas (para além de lhes tirarem os parcos minutos de tempo livre e de brincar a que tinham direito, depois de chegarem a casa), levavam-nos a questionar sobre a sua verdadeira utilidade. Mas, agora, que sentido têm os TPC’s, em versão XL, que muitas escolas lhes pedem (a ponto de serem cada vez mais os pais a protestarem contra eles e as crianças a acabarem o dia entre o choro e a agitação, por não os conseguirem fazer, como elas queriam)?"

O psicólogo lembra que "as crianças estão em confinamento social. Com aulas à distância e telescola, ao mesmo tempo. E estão (também elas) em teletrabalho. Há mais de 2 meses! E “vivem”, brincam, estudam e têm aulas “sem sair do quarto”. E têm os pais em “desconfinamento de paciência” e a correr em todas as direcções, sem saberem para que lado se hão-de virar".

Nessa perspetiva lança a questão: "Mas, sendo assim, porque hão-de as escolas estar a pedir tantos trabalhos de casa? Será que ninguém entende que, apesar de estarmos em casa, mais TPC’s, neste momento, não são o que melhor nos aproxima do “lar doce lar” a que temos direito?  - e lança um repto - "Não seria, portanto, de aproveitarmos “o vírus” e - e sem nunca se deixarmos de acarinhar a escola! - “decretarmos” uma espécie de “lay-off simplificado” para as crianças, considerando que, nas condições que dispõem, faz sentido que se reduza o seu tempo habitual de trabalho e se reconheçam as condições de excepção em que elas vivem, sem que percam o vínculo com a escola e com a família, como elas merecem?"

Leia aqui o texto do psicólogo na íntegra:

Se é verdade que, quando as crianças trabalhavam entre as 8 as 8, os trabalhos de casa não representavam um “suplemento vitamínico” para as suas aprendizagens, quarentena e TPC’s também não ligam da melhor maneira. Porque as crianças e as famílias estão exaustas. E porque elas e os pais não têm condições nem tempo para conciliarem teletrabalho, vida familiar, educação, escola e... trabalhos de casa.

Até Março, os trabalhos de casa, feitos à pressa, entre o banho o jantar, com os pais cheios de “bicho carpinteiro” e as crianças cansadas e stressadas (para além de lhes tirarem os parcos minutos de tempo livre e de brincar a que tinham direito, depois de chegarem a casa), levavam-nos a questionar sobre a sua verdadeira utilidade. Mas, agora, que sentido têm os TPC’s, em versão XL, que muitas escolas lhes pedem (a ponto de serem cada vez mais os pais a protestarem contra eles e as crianças a acabarem o dia entre o choro e a agitação, por não os conseguirem fazer, como elas queriam)? As crianças estão em confinamento social. Com aulas à distância e telescola, ao mesmo tempo. E estão (também elas) em teletrabalho. Há mais de 2 meses! E “vivem”, brincam, estudam e têm aulas “sem sair do quarto”. E têm os pais em “desconfinamento de paciência” e a correr em todas as direcções, sem saberem para que lado se hão-de virar. Mas, sendo assim, porque hão-de as escolas estar a pedir tantos trabalhos de casa? Será que ninguém entende que, apesar de estarmos em casa, mais TPC’s, neste momento, não são o que melhor nos aproxima do “lar doce lar” a que temos direito? Não seria, portanto, de aproveitarmos “o vírus” e - e sem nunca se deixarmos de acarinhar a escola! - “decretarmos” uma espécie de “lay-off simplificado” para as crianças, considerando que, nas condições que dispõem, faz sentido que se reduza o seu tempo habitual de trabalho e se reconheçam as condições de excepção em que elas vivem, sem que percam o vínculo com a escola e com a família, como elas merecem?

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Se é verdade que, quando as crianças trabalhavam entre as 8 as 8, os trabalhos de casa não representavam um “suplemento vitamínico” para as suas aprendizagens, quarentena e TPC’s também não ligam da melhor maneira. Porque as crianças e as famílias estão exaustas. E porque elas e os pais não têm condições nem tempo para conciliarem teletrabalho, vida familiar, educação, escola e... trabalhos de casa. Até Março, os trabalhos de casa, feitos à pressa, entre o banho o jantar, com os pais cheios de “bicho carpinteiro” e as crianças cansadas e stressadas (para além de lhes tirarem os parcos minutos de tempo livre e de brincar a que tinham direito, depois de chegarem a casa), levavam-nos a questionar sobre a sua verdadeira utilidade. Mas, agora, que sentido têm os TPC’s, em versão XL, que muitas escolas lhes pedem (a ponto de serem cada vez mais os pais a protestarem contra eles e as crianças a acabarem o dia entre o choro e a agitação, por não os conseguirem fazer, como elas queriam)? As crianças estão em confinamento social. Com aulas à distância e telescola, ao mesmo tempo. E estão (também elas) em teletrabalho. Há mais de 2 meses! E “vivem”, brincam, estudam e têm aulas “sem sair do quarto”. E têm os pais em “desconfinamento de paciência” e a correr em todas as direcções, sem saberem para que lado se hão-de virar. Mas, sendo assim, porque hão-de as escolas estar a pedir tantos trabalhos de casa? Será que ninguém entende que, apesar de estarmos em casa, mais TPC’s, neste momento, não são o que melhor nos aproxima do “lar doce lar” a que temos direito? Não seria, portanto, de aproveitarmos “o vírus” e - e sem nunca se deixarmos de acarinhar a escola! - “decretarmos” uma espécie de “lay-off simplificado” para as crianças, considerando que, nas condições que dispõem, faz sentido que se reduza o seu tempo habitual de trabalho e se reconheçam as condições de excepção em que elas vivem, sem que percam o vínculo com a escola e com a família, como elas merecem?

Uma publicação partilhada por Eduardo Sá (@eduardosa.pt) a

Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
Comentários

PUB
pub
PUB
Outros títulos desta secção