Retratar particularidades da cultura indiana em contraponto aos hábitos e costumes do Brasil foi uma das premissas da autora Gloria Perez para escrever ‘Caminho das Índias’, uma das novelas mais pedidas pelo público português e que tem estreia marcada para este mês, no horário das 22h20, na Globo. Aquela que é considerada uma das novelas mais marcantes e apaixonantes da teledramaturgia tem várias histórias de bastidores, curiosidades e também o reconhecimento da crítica.   

Ao longo da sua história, a Globo já conquistou 18 Emmys em diversas áreas, mas ‘Caminho das Índias’ (2009) foi a primeira novela brasileira a ser distinguida pela academia. ‘India – A Love Story’ foi o título com o qual a novela venceu a 37ª edição do Emmy Internacional. Seguiram-se outras novelas da Globo a conquistar o troféu: ‘Laços de Sangue’, coprodução com a SIC (2011), 'O Astro' (2012), 'Lado a Lado' (2013), 'Joia Rara' (2014), 'Império' (2015), 'Verdades Secretas' (2016) e ‘Órfãos da Terra’ (2020).

Os atores e parte da equipa de criação da novela participaram num workshop, durante pouco mais de um mês antes do início das gravações, para ficarem mais familiarizados com a cultura indiana. As atrizes do núcleo da Índia, especialmente Juliana Paes (Maya) e Karina Ferrari (Anusha), tiveram aulas intensivas de bhangra, uma dança típica indiana, para compor os seus papéis.

‘Caminho das Índias’ popularizou várias expressões, tais como Are Baba (“Ora bolas”), Atchá (expressão de satisfação), Baguan Keliê (“Meu Deus!”), Firanghi (palavra pejorativa para estrangeiro, que não segue os costumes do país), Mamadi (mãe), Baldi (pai) e Namastê (“o Deus que habita em mim saúda o Deus que habita em você”).

Uma vaca despertou a atenção dos telespectadores da novela. Emília, como era chamada na vida real, aparecia em cena a ser alimentada e reverenciada por Opash, personagem interpretada por Tony Ramos. A sua inclusão na novela deve-se ao facto de a vaca ser considerada um animal sagrado na Índia.

‘Caminho’ das Índias desenvolveu uma campanha social que tinha como tema os doentes mentais, representados por dois jovens esquizofrénicos, de classes sociais distintas: Tarso (Bruno Gagliasso), filho do casal de classe alta Ramiro (Humberto Martins) e Melissa (Christiane Torloni), e Ademir (Sidney Santiago), filho da humilde empregada Cema (Neuza Borges). Ambos frequentavam a clínica do Dr. Castanho (Stênio Garcia), abrindo espaço na trama para depoimentos verídicos de pacientes. A psicopatia foi outro dos temas abordados, no caso através da personagem Yvone (Letícia Sabatella).

A história de Gloria Perez também levantou uma discussão sobre a formação e a educação de crianças e jovens, criticando os pais que não dão limites aos filhos. O assunto foi abordado através de Zeca (Duda Nagle) e dos seus pais, César (Antonio Calloni) e Ilana (Ana Beatriz Nogueira). Quando chamados à escola devido ao mau comportamento do jovem, o casal saia sempre em defesa do filho e culpavam as professoras e a direção da instituição. Entre as más ações de Zeca estavam a intimidação de jovens da escola, o desrespeito aos mais velhos e até o espancamento de um aluno.

Foi com ‘Caminho das Índias’ que o ator Rodrigo Lombardi conquistou o público feminino e foi apontado como um novo galã de novelas. A sua personagem, Raj, conquistou uma grande popularidade junto dos espectadores.

Inspirado nas referências do que observou nas cidades de Jaipur, Jodhpur e Mumbai, o diretor de arte, Mário Monteiro, construiu 42 lojas e um templo em homenagem ao deus hindu Shiva, com os seus respetivos interiores, além das fachadas e das entradas de um cinema e das casas das quatro principais famílias do núcleo indiano: a dos Ananda, a dos Meetha, a de Shankar (Lima Duarte) e a