A primeira vez que a realizadora neozelandesa foi nomeada ao Óscar de Melhor Realização foi em 1993 com o filme “O Piano”, em que acabou por não vencer a estatueta, mas venceu o Óscar de melhor argumento original e foi com “O Piano” que se tornou a primeira mulher a receber a Palma de Ouro no Festival de Cannes.
Agora, 29 anos depois, e após 12 anos longe do cinema, vê o seu filme “O Poder do Cão” liderar a corrida aos Óscares com 12 nomeações que incluem Melhor Filme e Melhor Realização, tornando-se a primeira mulher na história dos prémios da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood - que até à data apenas nomeou seis mulheres - com duas nomeações ao troféu e, se ganhar o Óscar, será apenas a terceira mulher a fazê-lo.
A realizadora, de 67 anos, que já dirigiu oito filmes, assumiu em entrevista ao “The Guardian”, ter ficado “intimidada” ao entrar num universo “supermasculino” da história de “O Poder do Cão”, um filme de faroeste com uma narrativa tematicamente rica sobre masculinidade, mas evidenciou que o movimento “Me Too”, que denunciou o abuso sexual em Hollywood, influenciou-a a a seguir o seu trabalho. “O que é empolgante é que não é mais uma caridade apoiar uma cineasta feminina – é uma escolha empresarial sábia. Não queremos ficar tipo: “Por que não temos um prémio para a melhor realizadora mulher?” Desculpem-me mas eu não vou por aí. Isso é nojento. É ridículo. Acho que a mudança tem a ver com o movimento #MeToo e o fim do abuso sexual e a denúncia e a percepção das enormes desigualdades. As mulheres foram encorajadas por isso”. Jane Campion foi casada entre 1992 e 2001 com o realizador australiano Colin Englert’.
No primeiro ano do casamento, a viver o sucesso do filme em que trabalhou junto, “O Piano”, o casal sofreu a morte do filho, Jasper, com apenas 2 semanas, experiência muito dolorosa que a realizadora frisa que a marcou para sempre. Em 1994, nasceria a segunda filha do casal, Alice, hoje com 28 anos e que seguiu a carreira de atriz.