A interpretação da agente Dana Scully na icónica série “Ficheiros Secretos” colocou o nome de Gillian Anderson no patamar das atrizes que marcaram uma geração. Daí para cá, os papéis que tem assumido continuaram a ser de mulheres fortes, independentes e empoderadas. Fora dos ecrãs tornou-se ativista ambiental e uma defensora das mulheres e dos direitos reprodutivos e da sexualidade feminina.
Por tudo o que representa, Gillian Anderson foi escolhida como nova embaixadora da L’Oréal Paris numa celebração da beleza em todas as idades. Aos 56 anos, a atriz é o rosto da marca para produtos formulados especificamente para pele madura e afirmou: “Estou entusiasmada por me juntar a esta missão, inspirando as mulheres a libertarem-se dos estereótipos e a colocarem-se no centro das suas próprias histórias”.
Para a atriz, a idade e as mudanças que com ela chegam não são um problema mesmo sabendo que tem uma profissão que a deixa sob o olhar atento do público: “Tento não ter isso como um grande foco ou preocupação porque para mim é importante que a minha aparência, na vida real, seja a forma como me apresento ao mundo. É por isso que frequentemente me visto com as minhas roupas normais e não uso maquilhagem quando publico algo nas redes sociais. Acho importante que as mulheres vejam todas as versões representadas, não apenas a do tapete vermelho. Quando entrei nas redes sociais, sabia que era algo que tinha que fazer nos meus próprios termos e isso significava ser autêntica e não fingir ser alguém diferente”, disse à Vogue Britânica. Mas mesmo na passadeira vermelha, Anderson gosta de deixar a sua marca.
Em janeiro, elegeu um vestido cai cai de Gabriela Hearst bordado com vulvas para assistir aos Globos de Ouro. À mesma publicação contou que pediu à criadora algo que refletisse o seu trabalho na defesa do prazer feminino e o seu papel em “Sex Education”. “A maneira como a Dra. Jean Milburn abordava os clientes, ou os amigos do filho e como defendia todos, fez-me perceber o quão semelhantes éramos. Ficou ainda mais claro quando lancei a minha bebida, cuja mensagem é sobre abraçar e assumir a propriedade do seu prazer em qualquer idade”, disse sobre a marca de refrigerante que lançou no ano passado, o G-Spot, assim chamada pelas receitas com ingredientes focados no prazer.
A série “Sex Education” pode ter acabado mas Gillian Anderson continuou a explorar as profundezas da sexualidade feminina com o livro “Want”. Nele, a atriz apelou às mulheres de todo o mundo, independentemente da idade, raça, religião, sexualidade ou origem socioeconómica, para partilhar as fantasias sexuais mais privadas de forma anónima. Compilou depois as respostas numa antologia agrupada em capítulos por temas, como sadomasoquismo, voyeurismo, sexo com estranhos e outras fantasias, até as suas. E apesar de ser sob anonimato, confessa. “Por um lado, queria falar da minha própria experiência, mas rapidamente percebi que não poderia fazê-lo de forma aberta e que isso me colocaria em apuros. A quantidade de manchetes que daria se expusesse a minha vida. Mas senti-me na mesma muito vulnerável e não o esperava, porque me considero aberta, sem julgamentos e capaz de ouvir e ver qualquer coisa. Fiquei surpreendida por achar tão desafiador colocar a minha fantasia no papel. Só o ato físico de escrever coisas tão íntimas, palavras específicas… Fiquei muito chocada com o meu choque”.
Gillian Anderson nasceu nos Estados Unidos mas desde o final das gravações de “Ficheiros Secretos” que se mudou para Londres. A atriz foi casada duas vezes, a primeira com Clyde Klotz, assistente de direção de arte da série. O casal, que oficializou a relação numa cerimónia budista no Havai, em 1994, tem uma filha, Piper, hoje com 30 anos. Divorciaram-se em 1997.
Em 2004, após um longo período de noivado, Gillian casou-se com o jornalista Julian Ozanne, divorciando-se dois anos depois. Na altura, a atriz tinha já iniciado uma relação com Mark Griffiths, com quem tem dois filhos, Oscar, de 18 anos, e Felix, de 16. O casal separou-se em 2012.
Em 2023, Gillian foi vista de mãos dadas com Peter Morgan, argumentista da série “The Crown”, onde a atriz viveu o papel de Margareth Thatcher, e parecendo assim dar nova oportunidade à relação que tinham mantido entre 2017 e 2020.
Gillian continua na busca por papéis de mulheres fortes como as que tem interpretado até aqui e para si não é difícil escolher uma que a marcou: “A personagem que teve o maior impacto em mim e com a minha identidade foi Stella Gibson em “The Fall”. A maneira como se portava, cuidava de si e escolhia vestir-se, tudo em função dela própria, fez-me perceber que não tratava o suficiente de mim e não estava ligada à minha sensualidade e sexualidade”, diz a atriz que conclui: “Concentrei-me na meditação e no ioga e noto diferença quando me permito tempo para aproveitar esse espaço e ligar mente e corpo. Mas conheço-me e sei que também não preciso de ficar muito obcecada com isso, ou deixar que tome conta da minha vida. Se tiver tempo para mim, reconheço que me sinto melhor, mas tento não me culpar quando não tenho”.