Demorou quatro anos a ser escrita, a autobiografia que chega às livrarias norte-americanas em setembro. Sobre “Thicker Than Water” [“Mais Espesso do que a Água”], Kerry Washington diz ter sido um processo difícil e desafiante: “Escrever um livro de memórias é, de longe, o projeto mais pessoal que já assumi.”
A obra dá uma visão íntima da sua vida como celebridade, mas também como mulher de família, e faz uma viagem pela infância, um período complicado onde a atriz revela o relacionamento tenso entre os pais, a quem atribui a culpa pelos ataques de pânico que diz ter desenvolvido aos 7 anos.
“Manifestaram-se primeiro como um ritmo de ansiedade que envolvia o meu cérebro, depois evoluíram para uma pulsação rápida, um frenesim rodopiante de batidas metálicas”, conta a atriz que relata como tentava fugir dessas emoções, sem sucesso: “Às vezes, colocava a minha cabeça debaixo da almofada, para tentar ignorar o facto de que a tortura vinha de dentro de mim. Mas apenas a exaustão substituía este ritmo, embalando-me para o estado de sonho além dos meus medos.”
Ao narrar a sua jornada, Kerry vai contando como enfrentou uma série de desafios, escondeu traumas de infância, conheceu mentores extraordinários, ao mesmo tempo que se ia descobrindo e encontrando um sentimento profundo de pertença. A atriz, de 46 anos, é casada com o também ator Nnamdi Asomugha desde 2013, com quem tem dois filhos, Isabelle, de 8 anos, e Caleb, de 6.
Com uma intensa carreira, Kerry Washington conseguiu um maior impulso com a personagem de Olivia Pope, em “Scandal”, entre 2012 e 2018, uma série de Shonda Rhimes, na qual interpreta a especialista em gestão de crises que vive uma intensa paixão com o presidente dos Estados Unidos. O papel rendeu-lhe o reconhecimento público, tendo sido nomeada para um Primetime Emmy Award, para o Screen Actors Guild Award, e recebido um Globo de Ouro de Melhor Atriz em Série de Televisão.
Apesar do sucesso e da sua paixão pelo que faz, Kerry Washington assume que, por vezes, sente vontade de deixar tudo para trás: “Estou sempre a tentar desistir de representar e quando finalmente decido que ‘é desta’, chega-me algo de extraordinário às mãos”, contou em entrevista à W Magazine. A atriz afirma que isso lhe acontece desde o início da carreira, há quase 30 anos, mas que depois lhe surge sempre um papel que a faz recuar na decisão: “Estava já mais do que decidida, mas depois chegou o guião de ‘Ray’. Entretanto, resolvi novamente ficar por aí e chegou-me ‘O Último Rei da Escócia’. Quando acabei as gravações pensei, ‘é desta’ e recebi o guião de ‘Scandal’. Por isso, é algo que acontece uma e outra vez. [risos]”
Quando questionada, pela publicação, se se sente uma mulher realizada, Kerry Washington responde: “Tenho momentos em que me sinto realmente impressionada, mas não me sinto realizada, porque ainda me sinto curiosa, com muita vontade e entusiasmada para continuar a trabalhar e a conseguir fazer mais e melhor.” E acrescentou: “Há fases em que me sinto uma sortuda, momentos em que não posso acreditar que estou na sala em que estou, momentos em que me sinto impressionada com a minha vida, por vir de onde venho… E até por ter a vida pessoal que tenho.”
A atriz faz questão de manter os filhos longe dos holofotes de Hollywood, mas, sobre a maternidade, afirmou à revista Marie Claire: “Parte da jornada deles, é saber que nem toda a gente lhes vai dar a mão em todos os momentos. Tento ser a pessoa que os ajuda a serem as melhores versões de si mesmos. Os meus filhos só me fazem querer fazer mais e melhor, e estar sempre lá para eles".
