Depois de ter arrecadado o primeiro Globo de Ouro numa carreira de mais de 40 anos, Demi Moore estreia-se com uma nomeação aos Óscares. A atriz, de 62 anos, está indicada para Melhor Atriz pelo papel de Elisabeth Sparkle no filme de terror “A Substância”.
“Estar nomeada é uma honra incrível e estes últimos meses foram além dos meus sonhos. Na verdade, não há palavras para expressar plenamente a minha alegria e a enorme gratidão por este reconhecimento. Não só por mim, mas pelo que este filme representa”, afirma Moore.
O filme conta a história de uma estrela de TV envelhecida, que encontra uma poção capaz de lhe dar uma versão mais jovem e perfeita de si mesma, mas a um preço terrível. Uma luta pela eterna beleza e juventude que a atriz diz conhecer. “Durante anos coloquei muita pressão sobre mim, tive experiências em que me disseram para perder peso e tudo isso, embora possa ter sido embaraçoso e humilhante, foi o que fui fazendo comigo.”
No entanto, aos 62 anos, Demi Moore, que já é avó, parece ter encontrado a forma de ser quem deseja ser: “Durante muito tempo, o valor da mulher esteve ligado à sua fertilidade e, quando ultrapassamos uma certa idade, de alguma forma somos vistas como não tão desejáveis. A ironia é que me sinto muito mais inteira e completa hoje.”
Porém, o caminho foi difícil, algo que Demi Moore partilhou ao escrever uma biografia. Em entrevista à amiga Lena Dunham, a propósito do lançamento, Moore falou sobre os seus “fantasmas” e lembrou o momento em que reanimou a mãe que teve uma overdose. “Lembro-me de ter usado os meus dedinhos de criança, para tentar tirar-lhe os comprimidos enquanto o meu pai mantinha a boca dela aberta. Algo muito profundo dentro de mim mudou então, e nunca mais voltou. A minha infância acabou.”
O pior chegou mais tarde quando, aos 15 anos, foi violada por um homem, de cerca de 50, que lhe disse ter dado 500 dólares à sua mãe, de quem se tinha tornado amigo. Demi Moore diz que com o tempo acabou por enfrentar todos esses fantasmas e até tentar entender certas ações da mãe, com quem só fez as pazes pouco antes de Virginia morrer, em 1998, de um tumor cerebral: “O tipo de amor com o qual cresci era assustador e doloroso de sentir.” Porém, diz que com o tempo chegou a uma conclusão. “Aprender que estou bem comigo foi um grande presente que me pude oferecer.”
O outro presente diz ter sido a sobriedade, algo que alcançou aos 20 anos, perdeu aos 40 e voltou a conseguir aos 50. “O que percebi é que quando abri a porta novamente [às drogas] estava apenas a entregar o meu poder. Mas parte de estar sóbria é não querer perder um momento da vida, mesmo que isso signifique um pouco de dor.”
Demi Moore foi casada três vezes. A primeira com o cantor Fredy Moore, de quem manteve o sobrenome, ela tinha 18 anos, ele 30. Em 1987, casou-se com o ator Bruce Willis. O casal esteve junto 13 anos e tem três filhas, Rummer, de 36 anos, Scout, de 33, e Tallulah, de 30. Em 2005, Demi, então com 43 anos, casou-se com Ashton Kutcher, que tinha 27. Um ano antes, aos 42, quando começou a namorar com o ator, Moore engravidou mas sofreu um aborto espontâneo. O casamento terminou em 2013.
Hoje, a atriz assume que vive um momento especial e que ganhou novo fôlego após o Globo de Ouro e a nomeação ao Óscar: “Parece-me um começo, porque nunca estive onde estou neste momento. Tudo isto é novo e também estou mais autónoma. As minhas filhas estão crescidas e tenho a maior independência que já tive. E assim é este novo e maravilhoso momento de exploração e descoberta. Não tenho expectativas de onde isto poderá ir. Só quero estar presente e aberta às possibilidades.”