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Internacional
Rei Juan Carlos abandona Espanha para evitar que os seus assuntos pessoais afetem o filho
Rei Felipe VI e Rei Juan Carlos - Cerimónia de proclamação de Felipe VI - 19 de junho 2014 Foto: Reuters
Redação Lux em 14 de Agosto de 2020 às 17:00

O rei emérito comunicou ao filho, Felipe VI a decisão de abandonar Espanha, num comunicado divulgado pela Casa Real. A decisão, acolhida com respeito e agradecimento pelo atual rei, supõe uma tentativa de distanciar as polémicas em que Juan Carlos se viu envolvido nos últimos tempos, sobretudo a investigação sobre alegadas contas bancárias no estrangeiro.

Na missiva pode ler-se: “Majestade, querido Felipe, com a mesma avidez de serviço a Espanha que inspirou o meu reinado e pela repercussão pública que estão a ter certos acontecimentos passados da minha vida privada, desejo manifestar a minha absoluta disponibilidade para contribuir para o exercício das tuas funções na tranquilidade e sossego que esta tua grande responsabilidade requer… a ti como rei, comunico-te a minha imediata decisão de sair de Espanha. O meu legado e a minha dignidade enquanto pessoa exigem que me exile… É uma decisão que tomo com profundo lamento, mas com grande serenidade. Fui rei de Espanha durante 40 anos e em todos eles sempre quis o melhor para Espanha e para a Coroa. Com a minha lealdade de sempre. Com o carinho e o afeto de sempre, o teu pai.”

A carta surge 16 anos depois de Juan Carlos se ter apaixonado por Corinna Larsen, a sua amante de quase duas décadas que tem estado ligada a todas as polémicas do rei. Com os espanhóis afogados numa crise, em 2012, ficou a saber-se que Juan Carlos tinha gasto 42 mil euros para ir caçar elefantes ao Botsuana com a amante e uns amigos sauditas. Daí até à revelação das suas contas na Suíça, de idas e vindas de advogados com malas de dinheiro, e de uma transferência de 65 milhões de euros para a amante, o destino de Juan Carlos ficou traçado.

Em 2014, viu-se obrigado a abdicar da coroa e, em março deste ano, Felipe renunciou à herança do pai e cortou-lhe a subvenção. O exílio de Juan Carlos é a última tentativa para que Felipe VI possa reinar sem a sombra do pai. Há pouco tempo, Juan Carlos não escondia a sua frustração ao dizer a um amigo: “Nestes 40 anos vão recordar-me só por ser o da Corinna, o do elefante e o das malas.” O rei emérito já deixou Espanha, mas, ao fecho da edição, não era ainda conhecido o local escolhido para o exílio. E se muitos apontavam que se teria mudado para República Dominicana com uma nova amante, outros defendiam que tinha regressado a Portugal, ao Estoril, onde passou a sua infância e juventude.

Ao contrário, a rainha emérita, Sofia, vai continuar, segundo a Casa Real, na sua residência, na Zarzuela, e continuar a participar em algumas atividades da Casa Real e nas suas fundações. Tudo com o apoio do filho. O rei emérito, que nasceu no exílio, é neste momento mais falado pela corrupção e pelas suas amantes do que pela sua obra política, na contribuição para o progresso e liberdades dos espanhóis. Aos 82 anos, Juan Carlos sai assim pela porta das traseiras daquele que foi o seu lar durante 58 anos.

Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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