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Internacional
Woody Allen presta homenagem a Diane Keaton após a sua morte
Duane Keaton e Woody Allen em Annie Hall
Redação Lux em 14 de Outubro de 2025 às 17:49

Woody Allen escreveu um ensaio íntimo em homenagem a Diane Keaton, publicado no The Free Press dois dias depois da morte da atriz, aos 79 anos, no dia 11 de outubro. O realizador, de 89 anos, recordou o primeiro encontro entre ambos e o impacto imediato que Keaton teve sobre ele.

“Quando nos conhecemos, achei-a tão encantadora, tão bonita, tão mágica, que duvidei da minha sanidade. Pensei: será possível apaixonar-me tão depressa?”, escreveu Allen.

O primeiro contacto entre os dois aconteceu durante as audições para a peça da Broadway Play It Again, Sam (1969), no Teatro Morosco, em Nova Iorque. Allen recorda que Keaton “entrou, fez a leitura e deixou-nos completamente deslumbrados”.

Keaton acabou por ser escolhida para o papel de Linda Christine e, três anos mais tarde, repetiu a personagem na adaptação cinematográfica. Durante o trabalho na peça, os dois envolveram-se romanticamente. Allen conta que lhe mostrou o filme Take the Money and Run e que ela o descreveu como “muito engraçado e muito original”, opinião que ele passou a valorizar profundamente.

Ao longo da década de 1970, Keaton tornou-se uma das suas colaboradoras mais próximas, participando em filmes como Sleeper (1973), Love and Death (1975), Annie Hall (1977) — que lhe valeu o Óscar de Melhor Atriz —, Interiors (1978), Manhattan (1979) e Manhattan Murder Mystery (1993).

Allen elogiou o gosto artístico e a sensibilidade estética de Keaton:“Apesar da sua timidez e modéstia, ela era totalmente segura do seu julgamento estético. Quer criticasse um filme meu ou uma peça de Shakespeare, aplicava sempre o mesmo padrão.”

Sobre o estilo marcante da atriz, que se tornou ícone de moda sobretudo após Annie Hall, Allen comentou: “Era um espetáculo à parte. (...) Era surpreendente que esta bela provinciana se tivesse tornado uma atriz premiada e um ícone de sofisticação.”

Refletindo sobre o fim do relacionamento, Allen escreveu: “Tivemos alguns grandes anos juntos e depois cada um seguiu o seu caminho. Porque nos separámos, só Deus e Freud o saberão. Ela acabou por sair com vários homens interessantes, todos mais fascinantes do que eu.”

Keaton manteve-se amiga e defensora de Allen, mesmo após as acusações de abuso sexual levantadas por Mia Farrow em 1992, relacionadas com a filha adotiva Dylan. Allen sempre negou as acusações e nunca foi acusado formalmente. Durante o movimento #MeToo, Keaton reafirmou publicamente o seu apoio: “Woody Allen é meu amigo e continuo a acreditar nele. Talvez valha a pena ver a entrevista do 60 Minutes de 1992 e tirar as suas próprias conclusões.”

Em 2014, numa entrevista ao The Guardian, Keaton disse sobre o realizador:

“É a pessoa mais forte que conheci na vida. Feito de aço. E com uma ética de trabalho exemplar — ensinou-me o valor de trabalhar arduamente. É o mais disciplinado que conheço, a seguir ao meu pai.”

Após a morte da atriz, Mia Farrow prestou-lhe homenagem nas redes sociais: “Foi uma atriz absolutamente maravilhosa — e uma pessoa rara e fascinante. Os meus pensamentos estão com os filhos e as irmãs dela. Descansa em paz, Diane.”

Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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