Austin Butler começou a sua carreira na representação cedo, aos 14 anos, tornando-se uma estrela da Nickelodeon e da Disney, mas foi após ter sido escolhido para uma produção da Broadway, em 2018, “The Iceman Cometh”, ao lado de Denzel Washington, que os adultos começaram a notar o seu talento. Pouco depois, Butler apareceu e destacou-se nos filmes de Quentin Tarantino (“Era uma vez em Hollywood”) e Jim Jarmusch (“Os Mortos Não Morrem”). No entanto, foi o filme “Elvis”, cinebiografia do ‘rei’ do rock, dirigida pelo cineasta australiano Baz Luhrmann (2022) que o levou ao status de protagonista e, logo então, a ganhar o Globo de Ouro de Melhor Ator em Filme Dramático e o troféu Critics’ Choice Awards. É sobre o jovem ator, de 31 anos, que recaem agora as maiores apostas para o Óscar de Melhor Ator, categoria em que concorre ao lado Colin Farrell (“Os Espíritos de Inisherin”), Brendan Fraser (“A Baleia”), Paul Mescal (“Aftersun”) e Bill Nighy (“Viver”). A decisão saber-se-á na cerimónia, no dia 12 de março.
Encarnar o ‘rei’ do rock tem valido a Austin muitos elogios, quer do público, quer da crítica especializada, quer dos familiares de Elvis – a ex-mulher, Priscilla ficou de tal modo impressionada com o trabalho do ator californiano que chegou a dizer que Elvis guiara espiritualmente o desempenho de Austin. O ator dedica a indicação ao Óscar a Lisa Marie Presley, que morreu aos 54 anos após um enfarte, no último 12 de janeiro, dias depois do ator ter sido distinguido com o Globo de Ouro de Melhor Ator, sob o seu aplauso entusiasta.
“É um momento agridoce, meio amargo, porque penso em quanto gostaria que ela estivesse aqui, agora, para comemorar comigo. É a mesma coisa que sinto com Elvis. É meio estranho comemorar num momento de dor tão profunda, mas penso nisso como uma forma de homenageá-la. Isto é para ela”, afirmou em comunicado, quando se soube da nomeação ao Óscar.
Há uma correlação entre Elvis e Austin Butler que foi vital para conseguir o papel e o encarnar, depois, de forma tão visceral: o facto de ambos terem perdido a mãe aos 23 anos. “Fiquei a saber que a mãe de Elvis faleceu quando ele tinha 23 anos. A mesma idade que eu tinha quando a minha mãe morreu. Acordei desse sonho uma noite, em que a minha mãe estava a morrer. Eu tinha toda essa dor por dentro. Pensei: ‘Elvis teria acordado de sonhos semelhantes, tenho a certeza’”, contou ao IndieWire.
Foi a gravação de um vídeo nessa noite de dor que captou a atenção do realizador, deixando para trás as audições de outros pretendentes ao trono, como Harry Styles. “Recebi um vídeo estranho, ele estava de roupão de banho a cantar ‘Unchained Melody’, estava a chorar, e depois saiu da câmara. Fiquei tipo ‘Ok, você tem a minha atenção’”, lembra Luhrmann.
Ao The Hollywood Reporter, Butler falou sobre a perda da mãe, Lori, que morreu de cancro em 2014 e o levou a questionar a carreira. “Devo tudo à minha mãe, porque ela largou o emprego e levou-me a audições e às aulas de representação. Depois de a minha mãe falecer, nunca experimentei uma dor como aquela antes, e comecei a questionar. De repente, estava perto de médicos e pessoas que estavam a sofrer muito e pensei: ‘Atuar é uma profissão nobre? Devo dedicar-me de alguma forma que possa ajudar pessoas que estão a lidar com cancro ou algo assim?’”, confessou. A dor da perda da mãe seria canalizada na sua prestação como Elvis. “O seu relacionamento com a mãe era tão central. Essa perda mútua, o que esse tipo de luto faz a uma pessoa, como isso nos muda, essa conexão incondicional que se tem.”
Quanto à restante parecença, física e vocal, de tal forma que a sua voz foi misturada com vocais originais de Elvis, Austin é modesto: “Não creio soar como ele, mas acredito que devo, porque toda a gente me diz isso. Passei três anos em que Elvis era o meu único foco, tenho certeza de que há pedaços dele no meu ADN”, confessou à revista People. Apesar do sucesso a interpretar um dos artistas mais celebrados de todos os tempos, Butler nunca seguiu seriamente a sua própria carreira de cantor. “Eu era tão tímido. Nunca cantei à frente de ninguém. Só à frente de amigos muito próximos, à frente da minha mãe antigamente. A música sempre fez parte da minha vida (...) mas, para mim, foi sempre uma forma mais terapêutica.”
Na sua vida pessoal, Austin namorou nove anos com a cantora e atriz Vanessa Hudgens. O namoro terminou em 2020, tendo o ator iniciado um ano depois, uma relação discreta com Kaia Gerber, filha de Cindy Crawford e Randy Gerber.
