Perante as notícias que ganhavam cada vez mais vozes a favor de que Roman Abramovich, de 55 anos, deveria ser sancionado pelo governo inglês e deixar o país, o multimilionário russo decidiu colocar à venda alguns dos seus bens, um deles, o Chelsea FC, clube de que é detentor desde 2003.
“Saibam que esta foi uma decisão incrivelmente difícil de tomar. Custa-me muito separar-me do clube desta forma. No entanto, acredito que isto é do melhor interesse do clube. Espero poder visitar Stamford Bridge uma última vez, para me despedir pessoalmente de todos vós. Foi um privilégio de uma vida inteira fazer parte do Chelsea e estou orgulhoso de todas as nossas realizações conjuntas”, disse.
O Reino Unido já aplicou sanções a mais de 100 pessoas e entidades russas, como resposta à invasão de Moscovo sobre a Ucrânia, mas está a ser acusado de temer fazer o mesmo com Abramovich. O empresário russo confirmou, entretanto, que colocou o clube à venda por cerca de 3,6 mil milhões de euros e avançou que as receitas serão doadas às vítimas da Ucrânia: “Sempre tomei as decisões sobre o clube com o coração e perante esta situação decidi vendê-lo… A venda seguirá o devido processo. Não solicitarei o reembolso de qualquer empréstimo, nunca se tratou de dinheiro para mim, mas pura paixão pelo jogo e pelo clube. Entretanto, instruí a minha equipa para criar uma fundação de solidariedade para que todas as receitas sejam doadas às vítimas da guerra na Ucrânia, para as suas necessidades urgentes e imediatas, bem como para apoiar o trabalho de recuperação a longo prazo”, revelou num comunicado emitido pelo Chelsea.
Ao mesmo tempo, e segundo fonte citada pela Bloomberg, Abramovich pôs também à venda duas das suas propriedades em Inglaterra, um palacete em Kensington Palace Gardens, com 15 assoalhadas, avaliado em mais de 180 milhões de euros e a penthouse, tríplex, numa torre em Chelsea Waterfront, com vista para o Tamisa e um valor estimado de 26 milhões de euros. Antes de a Rússia invadir a Ucrânia, Abramovich figurava na 142.ª posição entre os homens mais ricos do planeta, e o 10.º mais rico da Rússia, segundo a lista da revista Forbes, com uma fortuna avaliada em mais de 12 mil milhões de euros, várias propriedades pelo mundo, aviões privados, iates e uma coleção de carros de luxo, alguns sediados em Inglaterra, outros em diferentes países. Durante o colapso da União Soviética comprou a Sibneft, a quinta maior empresa petrolífera do país, vendendo-a em 2005 ao estado russo por cerca de 12 mil milhões de euros.
Abramovich tem sete filhos, entre os 7 e os 29 anos, dos seus três casamentos. Uma das suas filhas, Sofia, de 26, vive em Londres e foi uma das vozes que se mostrou imediatamente contra o ataque da Rússia à Ucrânia: “Putin quer uma guerra com a Ucrânia. A maior mentira da propaganda do Kremlin é que a maioria dos russos apoia o presidente”, escreveu na sua conta de Instagram.
Atualmente, Roman Abramovich está em paradeiro desconhecido, mas segundo a imprensa inglesa esteve recentemente na Bielorrússia para tentar ajudar nas negociações para pôr fim à guerra. Desde abril de 2021, Roman Abramovich tem nacionalidade portuguesa, ao abrigo da Lei da Nacionalidade, como judeu sefardita, o que possibilita a obtenção de cidadania aos descendentes da antiga comunidade sefardita. O multimilionário tem também nacionalidade israelita desde maio de 2018.