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Internacional
Brooke Shields fala sobre a carreira e a forma como foi sexualizada em criança com o consentimento da mãe
Brooke Shields Foto: Arquivo Lux
Redação Lux em 17 de Abril de 2023 às 18:00

Com menos de 1 ano fez um anúncio publicitário, aos 11 interpretou o papel de uma prostituta, no filme “Pretty Baby”, e aos 14 Brooke Shields protagonizava cenas eróticas no filme “A Lagoa Azul”. O filme foi um êxito e catapultou-a para as luzes da ribalta.

Considerada uma criança prodígio em Hollywood, era vista como uma sex symbol numa idade em que não era suposto ser assim, o que lhe deixou marcas para a vida. Hoje, com 57 anos, a atriz conta todas as vivências num documentário. “Brooke Shields: Pretty Baby” mostra como teve de sobreviver e superar a exploração infantil de que foi alvo, muito devido à obsessão que a mãe tinha em transformá-la numa estrela desde cedo.

Proveniente de uma família aristocrata, o pai, Francis Alexander Shields, era um alto executivo da Revlon, filho de um famoso tenista e de uma princesa italiana. A mãe, Theresia Anna Schmonn, atriz, modelo e produtora de cinema, só pensava em rentabilizar a beleza da filha, levando-a a viver alguns dos momentos mais difíceis e infelizes da sua vida.

No documentário, Shields afirma que lhe foi muito difícil compreender o facto de a mãe não ter evitado que, aos 11 anos, se tenha visto obrigada a seduzir e a beijar o ator Keith Carradine, na altura com 27 anos, no filme “Pretty Baby”, de 1978. “Não sei por que o permitiu, nem por que razão achou que aquilo estava correto”, afirma a atriz, que conta que as filhas, Rowan, de 19 anos, e Grier, de 16, se recusam a ver o filme. “Dizem-me que aquilo é pornografia infantil e perguntam-me se eu teria permitido que fizessem o mesmo. Claro que lhes respondo: ‘Nunca.’”

Apesar de ter transformado a infância e a adolescência da filha num inferno mediático, e de ter permitido que fizesse papéis e editoriais fotográficos impróprios para a sua idade, Brooke Shields diz que nunca conseguiu virar-lhe as costas, afirmando que a mãe era muito insegura. Durante toda a vida, Brooke Shields continuou a defendê-la, apesar de não conseguir entender como é que a progenitora deu o consentimento para que posasse nua aos 10 anos para a revista Playboy.

Durante o documentário, a atriz emociona-se muitas vezes a falar de alguns capítulos da sua vida: “Foi demais para mim fazer frente a tudo isto. Escrever sobre ela deixava-me de rastos, mas era a ela que eu estava a proteger.” Theresia foi adicta ao álcool durante grande parte da sua vida, morreu em 2012, depois de uma batalha contra a demência. Além de gerir a carreira da filha, ficava-lhe também com o dinheiro. No documentário, a atriz conta que a mãe ficou descontrolada com as finanças e comprava casas nas cidades onde Brooke filmava. Este domínio sobre o dinheiro que ganhava só terminou quando a atriz se casou com o tenista Andre Agassi, que a ajudou a falar com a mãe “de forma calma e carinhosa” sobre
esse assunto e a tomar o controlo das suas finanças. Tinha 32 anos.

No documentário, Brooke Shields conta também a violação de que foi vítima, em 1987, por um homem da indústria do cinema de quem não quis revelar a identidade. “Estou surpreendida por ter sobrevivido a tudo isto”, reflete. Outro aspeto de que fala é dos problemas que tinha com a imagem: “Tinha uma desconexão total com o meu corpo. Era a protagonista de capas e capas de revistas, tinha as melhores sobrancelhas, os traços mais bonitos, o que fosse que as pessoas quisessem destacar nesse momento. Nunca fui muito magra e nunca pude desfilar numa passerelle, era a que saía nas revistas, mas não cabia nas roupas das modelos”, conta a atriz que também tentou a sorte na indústria da moda.

Porém, após anos de inseguranças, a atriz, que está casada há 22 anos com o guionista e produtor Chris Henchy, o pai das suas duas filhas, afirma: “Comecei a confiar em mim e pensei: ‘Posso ter uma opinião própria.’” Enquanto mãe, tenta não repetir os erros de que foi vítima: “Não quero que se centrem nunca no lado físico, trato de lhes mostrar a imagem de uma mulher completa, com defeitos, muito diferente daquela que eu tinha quando cresci. Não quero que tenham vergonha delas mesmas e que saibam sempre que o corpo é só delas.”

Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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