Num vídeo publicado no seu Twitter oficial, o príncipe William, filho mais velho de Diana, reagiu de forma contundente ao inquérito interno da estação de televisão britânica BBC que concluiu esta quinta-feira que o jornalista Martin Bashir teve um "comportamento desonesto" para garantir a famosa entrevista com a princesa Diana, numa "violação grave" das normas da emissora britânica.
Para William, não há dúvidas de que a entrevista de Diana à BBC, em 1995, contribuiu "significativamente para o medo, paranóia e isolamento" que a princesa de Gales viveu nos seus últimos anos, e não deveria voltar a ser exibida.
A statement on today’s report of The Dyson Investigation pic.twitter.com/uS62CNwiI8
— The Duke and Duchess of Cambridge (@KensingtonRoyal) May 20, 2021
Também Harry, o filho mais novo de Diana e Carlos, reagiu às informações hoje reveladas, através de um comunicado: “A nossa mãe era uma mulher incrível. Ela era resistente, corajosa e inquestionavelmente honesta. O efeito cascata de uma cultura de exploração e práticas antiéticas acabou por custar-lhe vida. A nossa mãe perdeu a vida por causa disso, e nada mudou. Ao proteger o seu legado, protegemos a todos e defendemos a dignidade com que ela viveu sua vida. Vamos sempre lembrar quem ela era e o que representava."
O duque de Sussex agradeceu a todos "aqueles que assumiram alguma forma de responsabilidade" sobre esta entrevista. “Esse é o primeiro passo em direção à justiça e à verdade. No entanto, o que me preocupa profundamente é que práticas como essas - e ainda pior - ainda são comuns hoje".
Em 1995, Martin Bashir, repórter da BBC, conseguiu o que muitos jornalistas tentavam há anos e nunca conseguiram: uma entrevista exclusiva com a princesa Diana. Vista por mais de 20 milhões de britânicos, a entrevista foi considerada o “furo do século”. Nela, Diana, que estava separada de Carlos, mas não divorciada, decidiu revelar o motivo principal que levou à separação, chocando a nação com uma frase que ficaria para a história: “Éramos três neste casamento, e isso já é gente a mais”, disse ao contar que o marido, mantinha há anos uma relação extraconjugal com Camilla Parker-Bowles.
Além disso, assumiu também a sua própria infidelidade com James Hewitt, um oficial de cavalaria do Exército Britânico e revelou que sofria de bulimia. Em novembro ano passado, o conde Spencer, irmão da princesa, veio pôr em causa a forma como Bashir conseguiu a entrevista, acusando o jornalista de ter ludibriado Diana.
Charles Spencer, que apresentou Bashir à princesa, acusava o repórter de ter conseguido conquistar a confiança dele e de Diana ao demonstrar que havia uma conspiração da família real contra a princesa.
O conde afirmou que Bashir convenceu Diana de que, no Palácio de Buckingham, tinham violado a sua correspondência, seguido o seu carro e colocado escutas no telefone. Além disso, alegou que o relógio do príncipe William tinha um dispositivo para gravar conversas. No entanto, o que fez Diana decidir aceitar a entrevista, e poder assim vingar-se da família real, foram extratos bancários, falsificados por um designer da BBC, que comprovavam que membros da família real recebiam dinheiro dos serviços secretos britânicos para espiar Diana.
Um ano depois da entrevista, foi feita uma investigação, mas a justiça apenas puniu o designer Matthias Wiessler, que confessou ter produzido os extratos bancários a mando de Bashir. Depois de pedir que o caso fosse novamente investigado, Charles Spencer escreveu no seu Twitter: “Sei que ele usou extratos bancários falsos e outras formas desonestas para convencer a minha irmã a dar a entrevista.”
A BBC determinou então realizar uma investigação interna por forma a apurar se o seu jornalista agiu de maneira antiprofissional. Martin Bashir continua na BBC, como correspondente para assuntos religiosos.
