Bruce Springsteen não se revê no presente político dos Estados Unidos. Numa entrevista concedida ao New York Times, o músico revelou a sua profunda inquietação com a direção que o país está a tomar e explicou que tem vindo a preparar o alinhamento da nova digressão Land of Hopes and Dreams, precisamente com o objetivo de refletir sobre “a situação atual da América”, que descreveu como “uma tragédia americana”.
Para o artista de 74 anos, o colapso industrial e o fosso crescente entre ricos e pobres deixaram milhões de cidadãos para trás. “Estava tudo pronto para aparecer um demagogo”, disse. E acrescentou, num tom de espanto e desilusão: “Embora me custe acreditar que tenha sido este idiota o escolhido, ele encaixou no perfil para algumas pessoas.”
Refere-se, sem rodeios, a Donald Trump, figura que tem criticado de forma contundente nos últimos espetáculos, chamando-lhe “corrupto, incompetente e traidor”. O ex-presidente respondeu à letra nas redes sociais, dizendo que Springsteen está “muito sobrevalorizado”.
Apesar da tensão e do pessimismo quanto ao presente, Springsteen mostra-se confiante no futuro democrático da América. “Temos uma história democrática longa. Não somos, por natureza, uma nação autocrática. Acredito que mais cedo ou mais tarde isso vai prevalecer”, afirmou, rematando: “Vamos bater na madeira.”
Com nova música pronta a ser lançada e um filme biográfico prestes a chegar ao grande ecrã, o cantor vive uma fase de grande criatividade. Springsteen: Deliver Me From Nowhere, protagonizado por Jeremy Allen White (ator de The Bear), estreia já a 24 de outubro e retrata o período em que o artista gravou o marcante álbum Nebraska, em 1982, sozinho, no seu quarto, com um gravador de 4 pistas.