Com conceito de partilha, a Taberna Meia Porta, na Travessa do Alcaide, traz um menu focado em produtos frescos e locais
Na Travessa do Alcaide, próxima ao Miradouro de Santa Catarina, há uma porta antiga que acaba de ser reaberta. Ou melhor: ficar entreaberta. É que na recém-inaugurada Taberna Meia Porta, esta porta de madeira, pintada em verde, tem apenas uma fresta que dá passagem a um sítio que valoriza a partilha e ingredientes frescos para recriar receitas antigas com um twist.
Quem cruzar esta meia porta e foi frequentador da Floresta do Alcaide, que antes funcionava no mesmo local, vai notar que o sítio foi remodelado, mas manteve algumas heranças: os azulejos centenários, a máquina antiga de imperial e as panelas que ficaram agora servem de decoração do espaço, que acomoda 25 pessoas sentadas.
Sob o mote “make tabernas great again”, o chef Fred Frank montou um menu enxuto, “sem receitas mirabolantes":
“A minha ideia é descomplicar os sabores. Eu cozinho de forma a valorizar o produto, as receitas e os preparos. Combino aquilo que acredito ser bom e quero que as pessoas consigam identificar os sabores.”
Com mais de 30 anos de experiência, o chef tem passagens pelo C.T. de Nova York, de Claude Troisgrois, e, em São Paulo, trabalhou com o francês Emmanuel Bassoleil, passou pelas cozinhas do Canvas e Le Tan Tan. Depois, ao desembarcar em Lisboa, comandou o Quiçá e é chef executivo do Copo de Mar. Ao seu lado nesta empreitada está Rodrigo Bogoricin Braga, com um background na área de Business, formado em Boston, com experiência no mercado imobiliário em Nova York e, em Portugal, atua como restaurateur. Foi desse casamento entre a hospitalidade e a cozinha que nasceu a Taberna Meia Porta. A dupla combina a bagagem das experiências anteriores e colocam as mãos em todos os detalhes do restaurante para dar um atendimento cuidadoso, onde as pessoas se sintam em casa, e possam provar uma ementa cheia de estilo e suave.
E esse estilo é claramente percebido ao degustar as criações da casa. E para isso, recomenda-se a partilha em grupo, para provar um pouco de cada uma das iguarias. O menu variado, está escrito nos vidros antigos pendurados na parede. E, como manda a tradição, a refeição começa pelo couvert (4,5€), com manteiga, azeitona e pães frescos dos vizinhos da Bike Bakery, um dos poucos itens não fabricados na cozinha pela batuta de Fred.
Na sequência, na seleção das entradas, que aqui chamam-se “menor”, há Copita de Porco preto regada com limão (7,5€); Pickles caseiros variados (5€), com destaque para o quiabo; Ostras vinagrete (11€), provenientes de Aveiro ou Olhão; Croquetes de sapateira (9€); Moelas de frango (9€) e Arroz de abóbora (8,5€). As referências francesas do chef ficam ainda mais evidentes na Esmagada Béarnaise (9€), que combina raízes com um molho béarnaise clássico.
Na seleção dos “maiores”, mais focados nas proteínas, tem destaque o Camarão ao alho (14€); o Bacalhau, batata e tomate (15€); a Espetada de atum (14€), que é feita com cubos de atum, tomate e pimentos e servida com um molho que lembra o de pica-pau, com vinho, vinagre e servido com pickles. Já a Barriga de porco e grãos (14€) tem a carne cozida lentamente e finalizada de forma que a pele fique estaladiça.
Para acompanhar, como mandam as regras de uma boa taberna, uma imperial ou vinho. A carta é dividida em bom, melhor e ótimo e a seleção feita em parceria com a Temple Wines. Os rótulos são principalmente de Portugal, mas há vinhos da Alemanha, França, Espanha e Itália.
O mesmo cuidado despendido na ementa e na escolha de vinhos está também na carta de sobremesas, com o Arroz gelado (6€), que é um gelado de arroz doce; a tradicional Mousse de chocolate (6€), coberta com uma ginja crocante, e o Bolo amêndoa D´ovos (6€).
Para comer e repetir sempre. Desta forma, não há como não fazer as “tabernas great again”.
Taberna Meia Porta Travessa do Alcaide 22A, Lisboa, 1200-349
Horário: De terça a sábado das 12h:30h às 15:30h e das 19h às 22h..
Reservas: Taberna Meia Porta - Reserva online (zenchef.com); +351 210 114 896