O ator Edgar Morais marcou presença na gala dos Globos de Ouro, este domingo, transmitida pela SIC, onde esteve nomeado para o prémio de Melhor Ator de Cinema. Reconhecido pelo seu talento e pela versatilidade que tem demonstrado no grande ecrã, Morais foi um dos rostos que mais brilho trouxe à noite de celebração do cinema e da televisão em Portugal.
Com elegância e simplicidade, o ator conquistou a atenção na passadeira vermelha e reforçou o seu estatuto como uma das figuras mais promissoras da sua geração. A nomeação, que distingue o seu trabalho e dedicação à sétima arte, representa mais um marco importante no percurso de Edgar Morais, que continua a afirmar-se como um dos nomes a seguir de perto no panorama artístico nacional.
Mesmo sem levar a estatueta para casa, a presença de Edgar Morais foi celebrada como uma vitória, consolidando o reconhecimento do público e da crítica pela qualidade do seu trabalho.
Entrevistamos o autor para saber mais de sua carreia.
Edgar, olhando para o teu percurso, conseguiste afirmar-te como realizador, ator e fotógrafo. Como equilibras estas três dimensões criativas? Para mim, estão todas ligadas à mesma fonte de criatividade. O mais importante é estar completamente focado na tarefa do momento, seja qual for o trabalho que eu esteja a desempenhar. Acabam por servir a mesma origem, mas exigem diferentes tipos de atenção.
O que é que cada uma destas áreas te dá de diferente, e onde é que elas se cruzam? Cada uma delas exige, à sua maneira, encontrar uma forma de alcançar, em simultâneo, um controlo absoluto e um abandono absoluto. É na verdade que se cruzam.
Os teus filmes já passaram por festivais de renome em todo o mundo. O que sentes quando vês o teu trabalho reconhecido a este nível internacional? Sempre que crio algo, ou trabalho num projeto criativo de qualquer forma, é com a ideia de que alguém será o público desse trabalho. A dimensão e o alcance desse público são desconhecidos no momento da criação, por isso é especialmente gratificante quando há uma resposta internacional a todo o esforço.
Estás nomeado para Melhor Ator de Cinema nos Globos de Ouro 2025. Como recebeste esta nomeação e o que ela significa para ti? Os prémios não são um fator de motivação para mim, mas claro que é uma honra ser reconhecido desta forma. Os prémios e nomeações ajudam a aumentar a visibilidade de um projeto, neste caso é um filme de que me orgulho muito, “Um Café e Um Par de Sapatos Novos”, que exigiu o trabalho árduo e a dedicação de muitas, muitas pessoas para ganhar vida, por isso este reconhecimento pertence também a todas elas. Levo o meu trabalho muito a sério e dedico-me profundamente a ele, por isso é gratificante saber que alguém o valoriza.
Já trabalhaste com realizadores de enorme prestígio, de Portugal e do estrangeiro. Qual dessas experiências mais te marcou e porquê? Tive a sorte de trabalhar com muitos realizadores diferentes, o que me ajudou a tornar-me um realizador melhor. Cada cineasta tem a sua técnica, e é sempre muito interessante ver as formas inesperadas como cada um aborda o processo. É difícil destacar a experiência mais marcante, mas uma experiência formativa foi trabalhar na Tragédia de Júlio Cesar com o Luís Miguel Cintra. Foi a minha primeira experiência profissional em palco, por isso marcou-me por essa razão.
Quem ou o quê mais te inspira na criação? Tudo. A vida. As emoções. Outros artistas em todas as áreas. Tens viajado muito com o teu trabalho.
Há algum lugar no mundo que tenha mudado a tua forma de ver o cinema ou a vida? Todos os lugares para onde viajei fizeram isso. Mas se tivesse de destacar um, foi muito revelador atravessar os Estados Unidos de carro durante as filmagens e ver todos os estilos de vida, desde os excessos da riqueza opulenta até à pobreza mais devastadora. As margens cruas e a moldura polida.
Que sonhos ainda tens por realizar na tua carreira? Sinto verdadeiramente que estou ainda muito no início da minha viagem, e que me considerarei sempre um estudante.
Se pudesses deixar uma mensagem aos jovens artistas portugueses que começam agora, qual seria? O cinema é um processo vivo, em constante respiração, por isso é importante estarmos abertos a novas descobertas. Sejam fiéis ao vosso coração e aos vossos instintos. A indústria pode ser dura, e o caminho nem sempre é linear, mas quanto mais autênticos forem, mais poderoso será o vosso trabalho. E nunca tenham medo de falar, juntos somos mais fortes do que a cultura de silêncio e intimidação. Exijam responsabilidade ao poder, não se submetam. Esta forma de arte e esta sociedade pertencem a todos nós.







