O INAC (Instituto Nacional de Artes do Circo) estreia no dia 31 de maio, no Parque do Ribeiro do Matadouro, em Santo Tirso, às 18h, o espetáculo de circo contemporâneo Hyena, que procura explorar as interações das personagens, dinâmicas sociais e suas diferentes manifestações do mal, seja na forma de ações individuais ou coletivas, englobando aspetos sociais, políticos e éticos, como também a complexidade das relações sociais e hierárquicas.
Num universo distópico e sarcástico surge HYENA, um espetáculo que revela a fragilidade da moralidade humana quando confrontada com a ausência de controle e supervisão externa. Com referência ao livro "O deus das moscas" de William Golding, a peça constrói uma metáfora em relação à efemeridade da civilização e à brutalidade inerente ao ser humano. HYENA convida o público a refletir sobre a natureza do mal e a sua capacidade de se manifestar no Homem quando o mesmo é deixado à própria sorte, sem regras ou leis. Através do circo e do teatro físico, o espetáculo explora a construção da moralidade através das dinâmicas sociais e relações das personagens englobando aspetos sociais e éticos.
A narrativa desenrola-se num parque infantil num cenário que remete a uma era pós-apocalíptica sem leis nem regras, num universo imaginário que representa não apenas a morte física, mas também a morte da humanidade, a decadência dos seus valores e a construção social da moralidade. De uma forma abstrata, o parque infantil no espetáculo acaba por simbolizar a civilização como uma metáfora a uma construção social vulnerável quando a supervisão ética e moral se perde.
De destacar que Hyena inclui no elenco profissionais com deficiência e pretende que esta seja uma ação fundamental para o combate ao capacitismo, preconceito contra pessoas com deficiência, ao demonstrar, na prática, que estes profissionais são plenamente capazes de exercer atividades criativas com qualidade, sensibilidade e profissionalismo. Quando ocupam espaços de visibilidade, como o meio artístico, essas pessoas não apenas rompem barreiras impostas socialmente, mas também atuam como agentes de transformação cultural, educando o público e desafiando mentalidades preconceituosas. Esta representatividade vai além do palco: contribui diretamente para uma mudança de perceção coletiva, impactando positivamente outras áreas da sociedade, como a educação e o mercado de trabalho, ao incentivar políticas mais inclusivas e acessíveis. A presença de pessoas com deficiência no elenco artístico permite ainda que a diversidade humana seja retratada de forma realista e digna, o que promove empatia, compreensão e respeito pelas diferenças, ajudando a construir uma sociedade mais justa e plural.
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