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Nacional
Pote de água por Tiago Salazar: 'O Negócio dos Livros'
Tiago Salazar
Redação Lux em 5 de Novembro de 2020 às 10:00

O NEGÓCIO DOS LIVROS por Tiago Salazar


Quem vende online, no caso dos livros, fá-lo para contornar uma realidade desigual chamada negócio editorial.
Uma editora de peso terá o peso e (as medidas) para levar o objecto-livro mais além, e não é de somenos o trabalho (e o investimento) com um autor, correndo e pagando esta os riscos, e sem a certeza de que por melhor o autor e a obra não redunde num fiasco de vendas. Estamos no território da venda e da compra, e há que saber vender e saber o que se está a comprar.
O autor que vende os seus objectos online
(como o fazem grandes artistas, basta ver os músicos de jazz nacionais, cujo trabalho de outro modo mal chegaria aos ouvintes, à falta de meios de divulgação) fá-lo porque lhe é lícito, e porque assim precisa, pois nem às costas da Imprensa lhe é garantido o êxito comercial. Podia dizer de outra maneira sem asneira: porque só assim lhe é garantido o suficiente para continuar a desenvolver o seu trabalho.
Só uma mentalidade pequeno-burguesa achará menor, rasca, reles, o autor utilizar as plataformas ao seu dispor, seja o FB ou os bancos de jardim, para fazer o seu comércio livre. Nisto, do comércio, que a todos assiste, em maior ou menor grau de ambição e necessidade, não há como apodar de reles, rasca ou menor, o autor que se predispõe a vender o seu trabalho, simplesmente porque é a única coisa que tem para vender, donde, para se alimentar e assim continuar o seu trabalho. Balzac antes de ser o personagem anafado e burguês e best-seller foi um anónimo escanzelado. Torga, o professor de temperamento difícil, editava e vendia os seus livros sem dar comissão ou avença a outrem.
O Editor, a Editora, não é uma entidade carniceira só porque sim. Acontece que se a prática instalada de comissionar anda entre os 7% e os 12% do valor total do livro (o PVP), o autor é quem menos ordena. Donde, é-lhe lícito seguir as regras do mercado livre e negociar melhores condições para si. Pode ainda acontecer, como é meu caso recente, ter um livro diferente, digamos assim, de edição limitada, em capa dura e ilustrado, e de conteúdos menos comerciais, digamos assim, e optar por chegar a vós, os meus leitores do mundo virtual, incitando à compra deste objecto singular. Compra quem quer, mas ao menos digne-se a ler para poder comentar.
Por falar nisso, vai um livro?

P. S.:
NOVO LIVRO, NEW RELEASE I Já disponível nas livrarias, o romance sobre a vida do cavaleiro Álvaro Gonçalves Coutinho, vulgo, “O Magriço”. Figura lendária, apaixonante, mistificado, veio até mim como um arquétipo do Homem medieval de todos os tempos. Maiúsculo, intrépido, Galaaz, eis a biografia romanceada de um herói de “Os Lusíadas”.
Uma edição Leya com a maestria da Maria do Rosário Pedreira.

SINOPSE:
D. Álvaro Gonçalves Coutinho – conhecido por Magriço por causa da sua figura débil – foi celebrizado numa passagem
d’”Os Lusíadas”, que destaca a sua coragem entre os Doze de Inglaterra, cavaleiros portugueses que, no reinado de D. João I,
participaram num combate que visava lavar a honra de doze damas ofendidas e do qual saíram vencedores.
Porém, mesmo tratando-se de um cavaleiro de linhagem na Corte do Mestre de Avis, o Magriço não aceitou que o seu monarca lhe negasse casamento com a mulher que amava, partindo para a Borgonha onde lutou por mais de uma década entre os pares de João Sem Medo, que o considerou um dos mais destemidos guerreiros que alguma vez o haviam servido.
Aventureiro, defensor de causas justas e sempre na senda de glória para os seus amos, Álvaro Coutinho foi também um filho segundo, afastado da herança paterna, um homem amargo a quem a memória da desfeita do rei nunca abandonou, um guerreiro sem medo da morte, um ancião que resistiu à peste e se tornou uma espécie de eremita no fim da vida.

(Crónica publicada na revista Lux 1070 de 2 de novembro)

 

Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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