Depois de ter revelado com grande tristeza que a sua gravidez não evoluiu, Matilde Breyner partilhou um comovente texto em que relata um pouco da sua experiência trágica com uma nota de agradecimento profundo aos profissionais que a acompanharam.
Há uma semana estava a entrar na Maternidade Alfredo da Costa com uma barriga de quase 6 meses, para sair de braços vazios. Mas o que eu não sabia é que ia sair de lá com o coração cheio. As palavras nunca serão suficientes para descrever o que vivi naquele sítio. Tenho medo de não conseguir escrever um texto à altura do trabalho espetacular que é feito por todas aquelas pessoas. Médicos, enfermeiros, auxiliares… mas tenho de o escrever. Prometi isso. Quero que toda a gente saiba que aquele é um lugar especial porque as pessoas que lá trabalham são especiais. Aquilo é mais do que trabalho. É amor, é cuidado, é carinho. E não foi só comigo ou por ser eu e o Tiago. Nos dois dias em que lá estive internada, passaram três mulheres diferentes pelo meu quarto. As três foram tratadas da mesma forma que eu. Sempre com palavras que confortam o coração, com respeito, com paciência, com atenção.
Num hospital onde ninguém é mandado para trás, onde se trabalha com recursos limitados e ainda assim, nunca se perde a humanidade no trato com quem lá está internado. Ali nascem vidas, mas também se mudam vidas.
Quando me falaram do parto, uns dias antes, a primeira coisa que pedi foi para me porem a dormir. Tinha muito medo desse momento. Disseram-me que não era possível. Teria de estar acordada e consciente. Mal sabia eu que seria exactamente isso que me viria a dar força para enfrentar os dias seguintes. Mas isso só foi possível porque estive sempre rodeada de pessoas que cuidaram de mim. Cuidaram de nós. Como uma Mãe cuida de um filho.