Jodie Foster não nasceu num set de filmagens, mas quase, e foi lá que cresceu. Aos 3 anos, fez a sua primeira incursão no meio e, depois de vários papéis em séries, interpretou, aos 14 anos, uma prostituta no filme de Martin Scorsese, ao lado de Robert De Niro, “Taxi Driver”.
Hoje, com 61 anos, Jodie Foster está no patamar de atrizes ícone de várias gerações, que ao longo do seu caminho de sucessos se tornou também realizadora. Aos 15 anos, foi nomeada pela primeira vez a um Óscar da Academia, precisamente pelo papel em “Taxi Driver”. Em 1989, recebeu a estatueta pela interpretação em “Os Acusados” e mais tarde, em 1992, como a novata agente do FBI Clarice Starling, em “O Silêncio dos Inocentes”.
Agora, 32 anos depois, volta à corrida com a nomeação para Melhor Atriz Secundária em “Nyad”, onde veste a pele de Bonnie Stoll, a treinadora e companheira de Diana Nyad, interpretada por Annette Bening. Ter sido uma estrela de Hollywood toda a vida trouxe-lhe uma pressão indevida enquanto criança.
Em entrevista ao The Atlantic, contou que era dela que dependia a sobrevivência da família, um peso que conheceu muito cedo: “Não havia outra fonte de rendimento além de mim.” A mãe era a sua empresária e quem geriu tudo o que a filha ganhava, até aos quase 30 anos. Jodie Foster cresceu precocemente, sempre demonstrando maturidade, mas ansiava por uma infância e por privacidade: “Em criança, só queria ir à Disneylândia e não ser reconhecida. Não é que as pessoas me incomodassem, mas sonhava viver essa experiência pura. Na verdade, há muitas experiências que, agora reconheço, perdi um pouco. Acho que não percebi isso aos 20 ou 30 anos. Quando conhecemos alguém pela primeira vez, ela já te conhece, já sabe como são os teus cotovelos, como ficamos quando choramos ou gritamos. Isso prejudica a nossa experiência com as pessoas. Faz por exemplo com que me sinta um pouco constrangida em relação à dança. Se pensasse que ninguém me conhecia ou lembraria de mim, simplesmente iria dançar sem parar”, disse em conversa à revista Interview, com quem também falou sobre a sua evolução enquanto pessoa e profissional.
“Quando era mais jovem, achava que precisava de ser infeliz para ter um bom desempenho. Agora entendo que preciso apenas de ter um bom dia. Então, quando ouço o ‘corta’, estou a pensar noutra coisa. E eu realmente gosto de me divertir. Acho que é uma questão de idade, porque senti estas grandes mudanças no dia em que fiz 30 anos e no dia em que fiz 60. E, aos 60 anos, foi a melhor mudança de todas, porque estava a lutar na casa dos 50, a pensar, ‘será que algum dia farei algo significativo de novo? Isto é tudo o que existe’? Eu sabia que não poderia competir com o meu antigo eu… os meus 50 foram difíceis. E depois algo aconteceu quando fiz 60 e pensei: ‘Eu descobri. Isso é bom.’ Havia algo em voltar ao trabalho com uma atitude diferente, eu acho.” Para isso contribui uma faceta quase protetora e maternal junto das gerações de novas atrizes: “Senti que esta não é a minha hora, tive o meu tempo e este é o momento delas, e posso participar nele, dando-lhes toda a sabedoria que possuo.” Jodie Foster sempre conseguiu manter a sua vida pessoal em privado.
Em 1998, deu as boas-vindas ao primeiro filho, Charles, e três anos depois foi mãe de Christopher, ao lado da produtora Cydney Bernard. A atriz, que apesar de muitas especulações ao longo dos anos sobre a sua orientação sexual, preferiu sempre não falar do assunto, acabou por resolver a questão de forma natural e divertida quando, em 2013, ao ser homenageada com um prémio pela sua contribuição para a indústria cinematográfica, subiu ao palco e disse: “Espero que não fiquem desapontados por não haver o grande discurso do assumir esta noite, porque já fiz isso há cerca de mil anos, na Idade da Pedra.” Com estas palavras, Jodie resolveu anos de especulação e manteve o seu sentido de humor característico.
Em abril de 2014, Jodie Foster casou-se com a fotógrafa Alexandra Hedison, após um ano de relação. Jodie Foster não encaixa nos padrões das atrizes sensuais e sempre preocupadas com o físico, tão comum em Hollywood. A magia das suas interpretações vai muito além dos padrões de beleza, mas em “Nyad”, o facto de vestir a pele de uma desportista e mostrar corpo fez com que recebesse elogios quanto à sua beleza e excelente forma física. “Durante toda a minha vida esperei ser objetificada, estou muito feliz por as pessoas começarem finalmente a falar sobre as partes do meu corpo”, disse divertida.