Há mais de um ano a lutar contra um cancro no pulmão, Marco Paulo não baixa os braços e mostra-se determinado em vencer mais esta batalha. Nem que, para isso, tenha de fazer algumas cedências profissionais, como aconteceu recentemente ao tomar a difícil decisão de cancelar o grande concerto marcado para outubro, no palco do Campo Pequeno, em Lisboa. Tudo em prol da sua melhor recuperação e focado no objetivo de reagendar o espetáculo.
“Um concerto vive muito dos meus pulmões. Em primeiro lugar a minha saúde e, antes que pudesse acontecer alguma coisa menos agradável, foi melhor”, justifica. Aos 78 anos, e depois de já ter superado vários problemas de saúde, o acarinhado artista português mantém-se com fé e confiança nos tratamentos que tem realizado, que lhe dão motivos para sorrir: “Todos os níveis tumorais baixaram e tudo aquilo que nós achávamos que podia não resultar, resultou. Então, vamos continuar com esta medicação.”
A desfrutar de umas miniférias no Algarve, o cantor revela à Lux como se sente e mostra-se desejoso de voltar a partilhar com o público a sua música ao vivo.
Lux – Foi difícil tomar a decisão de cancelar o espetáculo?
Marco Paulo – Claro que foi, porque já o adiei duas vezes e não é de bom tom estar a adiar um concerto desta grandiosidade. Não são concertos que se façam todos os dias. Quando a produção foi informada pelos meus médicos de que outubro era muito cedo para fazer um concerto de hora e meia ou de duas horas – eles acharam que o meu pulmão direito não estava ainda em condições de aguentar um concerto destes –, achámos melhor cancelá-lo e depois arranjar outra data.
Lux – Optaram por não fazer um adiamento, porque ainda não tem uma previsão de quando poderá ter essa capacidade?
M.P. – Claro, achámos melhor cancelar o concerto de 21 de outubro, e depois arranjar outra data em que eu já esteja em melhores condições para poder aguentar o concerto, porque um concerto vive muito dos meus pulmões. As minhas canções vivem muito dos meus pulmões! Sendo uma informação médica, em primeiro lugar está a minha saúde e depois tudo o resto. Custou-me um bocadinho... mas paciência. Em primeiro lugar a minha saúde e, antes que pudesse acontecer alguma coisa menos agradável, foi melhor.
Lux – Continua com fé de que este concerto vai realizar-se?
M.P. – Tenho fé e tenho confiança na equipa que trabalha comigo no meu concerto e, se Deus quiser, em breve anunciaremos uma data. Também tenho confiança na equipa médica e eles brevemente vão-me dizer, porque o meu pulmão foi muito afetado. Tirei muito líquido do pulmão e fiquei praticamente sem poder respirar, sem poder falar, sem poder cantar. Felizmente, as coisas agora estão recuperadas. Isso é qualquer coisa de bom, que espero que venha a acontecer quando for a altura do concerto. Estou desejando que isso aconteça e o público também. Não há pessoas a devolverem bilhetes, portanto há uma vontade enorme de rever o Marco Paulo em grande força num concerto ao vivo em Lisboa.
Lux – Como é que se sente neste momento?
M.P. – Sinto-me muito bem.
Lux – Já terminou os tratamentos de quimioterapia?
M.P. – Terminei a sétima sessão, mas ainda vou fazer mais. Vou continuar a fazer até a equipa médica achar que esta medicação que estou a tomar neste momento é a mais indicada. Todos os níveis tumorais baixaram e tudo aquilo que nós achávamos que podia não resultar, resultou. Então, vamos continuar com esta medicação.
Lux – Tem uma previsão de quantas sessões terá ainda que fazer?
M.P. – Não. Vou fazer análises novamente, porque as últimas que fiz estavam boas. Agora vou continuar a fazer a quimioterapia, que está a resultar muito bem, e depois faço novamente análises e exames para saber se a coisa está finalmente controlada. Sinto-me bem. Os exames que fiz ultimamente estão todos bons! Felizmente, a equipa médica está contente, porque os tratamentos estão a resultar, e eu também estou porque me sinto bem! Vim até ao Algarve passar uns diazinhos de férias para relaxar um pouquinho. Daqui a pouco vou para a outra casa, em Sintra, e vou aguardar calmamente.
Lux – Vai regressar ao seu programa na SIC?
M.P. – No próximo sábado, já é um programa gravado. Não é em direto. Tenho estado a trabalhar em televisão e tenho estado a fazer o programa. Felizmente, com um nível de audiências muito bom! O público é muito fiel, todos os sábados! Tem sido um programa muito acarinhado pelas pessoas.
Lux – Há novidades para esta nova temporada?
M.P. – Quando uma equipa joga bem não se mexe. Tenho uma grande equipa! É um programa muito familiar e íntimo. As pessoas reveem-se muito nele e gostam do cenário, porque é natural, é o único programa de televisão que tem um cenário natural. É a minha casa, é o meu jardim. Vamos festejar os 100 programas! Era só para fazer três ou quatro, e acabamos por estar a festejar brevemente os 100... É fantástico, é uma vitória para toda a gente que faz o programa!
Lux – No campo da saúde, também tem estado a lutar para mais uma vitória?
M.P. – Sim, é uma luta que também tenho que travar. Eu e a equipa médica, as pessoas que me tratam. Felizmente, as coisas estão a resultar, portanto tenho que agradecer a Deus a oportunidade que me dá nas lutas que travo. Sou um lutador e, como tal, estou sempre a lutar para que as coisas resultem o melhor possível, quer a nível de saúde quer a nível profissional.
Lux – Foi especial estar presente na Jornada Mundial da Juventude, quando o Papa Francisco visitou Lisboa?
M.P. – Fui convidado pela Câmara Municipal de Lisboa, pelo senhor presidente da câmara e pela vereação. Como convidado, aceitei o convite de bom grado e estive presente.
Lux – Mas foi importante participar nessa celebração?
M.P. – Foi, porque assisti a uma celebração muito bonita, que foi a missa no Parque Eduardo VII. O Papa passou muito perto de mim, no papamóvel, e foi um momento muito emocionante e enriquecedor. Porém, mais nada aconteceu, nem fui à espera de nenhum milagre! Fui à espera de me sentir bem e de acompanhar o Santo Padre nas celebrações. Agora, se me perguntar se gostava de ter cantado, gostava. Gostava de ter cantado a “Nossa Senhora” na missa do Parque Eduardo VII, mas não foi possível, fica para a próxima. Tem sido um dia de cada vez.
Esta matéria foi originalmente publicada na Lux 1218 - 4 de setembro 2023