Em nome de milhares de pessoas afetadas, nove empresários da restauração e discotecas membros do Movimento Sobreviver a Pão e Água, coletivo que reúne profissionais do comércio, cultura, hotelaria, restauração e animação noturna, iniciaram uma greve de fome e mantiveram-se a água e chá em tendas montadas em frente à escadaria da Assembleia da República, prontos a lutar até às últimas consequências.
À data de fecho desta edição tinham passado quatro dias a água e chá, e prometiam só arredar pé depois de serem recebidos pelo Governo ou pelo Presidente da República.
“A pandemia instaurou-se, fomos obrigados a fazer uma intervenção de acordo com as regras da DGS, demos formação aos nossos colaboradores, investimos em acrílicos, investimos em esplanadas. Depois dos empresários enterrarem os seus últimos cêntimos, o Governo manda-nos fechar. Eu posso não estar em miséria, pessoalmente, mas não deixo de estar aqui porque a miséria não deixa de existir”, disse João Sotto Mayor, pai do filho mais novo de Isabel Figueira, proprietário de vários restaurantes.
“Estou em greve de fome há quatro dias, sinto-me completamente esgotado, tenho picos emocionais ao longo do dia, não consigo reagir bem, tenho um delay no diálogo, sinto-me fraco, emocionalmente desgastado... Estou aqui com mais oito companheiros. Nós só saímos daqui com uma resposta e medidas implementadas em todos os setores afetados. Só saio daqui ou numa ambulância ou com uma resposta aos nossos direitos, não são exigências”, acrescentou.
Longe dos filhos, Francisco, de 7 anos, fruto da relação com a atriz, e João Maria, de 16, João Sotto Mayor confessa ter ficado em lágrimas ao falar ao telefone com o filho mais novo. “Ele não compreende bem o que o pai está aqui a fazer, a mãe há de lhe explicar, e o meu filho João Maria, mandou-me uma mensagem, com o seu bom sentido de humor, a dizer: Pai, não morras já porque ainda tens de me ensinar a trabalhar.”
Contatada pela Lux, Isabel Figueira partilhou o seu apoio: “Estou solidária com todos os que se juntaram a esta greve de fome, que me toca em especial porque é o pai do meu filho mais novo e um grande amigo, o Zé Gouveia, que fazem parte do Movimento e que estão ali a lutar pelos direitos de todos os setores mais afetados pela pandemia devido às medidas impostas pelo Governo. Podemos andar de avião mas não podemos jantar num restaurante, que cumpre todas as medidas de segurança?”