Foi nas redes sociais, que Anna Westerlund, viúva de Pedro Lima, fez o primeiro desabafo sobre a requisição civil, decretada pelo Governo, dos alojamentos do Eco Resort Zmar, empreendimento do concelho de Odemira, no qual é proprietária de uma das várias casas particulares lá existentes.
“Desde ontem que sinto que estou a viver numa ditadura! Temos uma casa no Zmar, e o Governo decidiu que a temos de disponibilizar para receber doentes Covid de Odemira, a maior parte deles trabalhadores nas estufas locais.Diz o primeiro-ministro que eles têm direito a viver em condições dignas (obviamente, mas esse direito não começou ontem!)”, começou por referir a ceramista. Esta requisição civil e a consequente tomada de posição dos proprietários das casas particulares daquele empreendimento turístico – que desde logo se manifestaram contra a decisão do Governo –, tem gerado bastante polémica e dividido opiniões.
Em entrevista à Lux, Anna Westerlund reforçou que a tomada de posição dos proprietários “não tem a ver diretamente com colocar doentes ou quem precise de casa no Zmar, tem sim a ver com o futuro e a viabilidade” do resort. Segundo a proprietária, “foi aprovado, pelo Tribunal, um plano de reestruturação para o Zmar – por se encontrar num processo de insolvência –, com um investidor pronto a entrar e a reerguer o Zmar já em maio e no verão”, contou, revelando ainda o receio de que “com esta situação tudo isso seja posto em causa”.
“É isso que nos preocupa, não é a questão, onde parece que estão a querer pôr o foco, que os proprietários não querem ceder as suas casas”, garantiu. Em relação aos comentários menos agradáveis, de que o seu texto foi alvo nas redes sociais, a ceramista responde: “Do que li, a maior parte das pessoas compreende a situação. Claro que há sempre pessoas que aproveitam estes momentos para fazer comentários xenófobos, e não é de todo isso. Aproveitam para destilarem os seus ódios particulares e as suas más energias e, às vezes, nem sequer leem os textos até ao fim, nem interpretam da maneira correta.”
Há já vários anos que Anna Westerlund e o marido, Pedro Lima, passavam férias naquela que é a sua segunda habitação, e destino recorrente de fim de semana ou férias em família. “Queremos lutar para que o Zmar perdure, porque é um espaço lindíssimo, um projeto com muito sentido, tendo em conta todo o lado ecológico e a sua filosofia. É um sítio onde os miúdos andam livremente e, claro, que as pessoas estão preocupadas com a possibilidade de perder esse futuro.”
É também um local repleto de memórias em família na companhia do marido, o ator Pedro Lima, que perdeu a vida em junho do ano passado. Recordações estas que Anna garante não serem afetadas com estes últimos acontecimentos. “Não misturo as coisas. É lógico que é um sítio especial para nós, mas não misturo as coisas, nem deixo que a parte emocional afete o meu raciocínio. Acho que a decisão que estamos a tomar é correta. Não se trata de ceder ou não as nossas casas, e é mesmo importante reforçar essa questão, não é isso que está em causa, as pessoas estão a focar-se muito nisso, parece mais interessante pensar que há um lado pouco solidário dos proprietários do Zmar, e isso é totalmente errado”, insistiu.