Durante muito tempo tive vergonha de dizer o que passei”, confessou Marisa Cruz que abriu o coração no Alta Definição e recordou a sua sofrida infância. Marisa, que chegou a Portugal com 5 anos vinda de Angola, revelou que a única recordação que guarda do pai foi quando o visitou uma vez na prisão. “Não sei por que estava preso nem nunca soube. Ele ofereceu-me um fio de ouro. É a única memória que tenho dele.”, contou destacando o choque que foi descobrir que o pai tinha morrido, muito depois da sua morte, numa discussão entre a mãe e o padrasto.
Numa infância “que nenhuma criança merece”, marcada por ausências inexplicadas da da mãe, Marisa tomou a seu cargo os quatro (de sete) irmãos mais novos. “Lembro-me de não ter o que lhes dar, não havia o que comer. Muitas vezes íamos para a cama sem ter o que comer. Pedíamos ajuda à Santa Casa mas nem sempre havia. A minha infância foi sempre tentar sobreviver. Aparecíamos em casa de amigos à hora das refeições para sermos convidados para comer (...) “Faltava muitas vezes às aulas para estar com eles. Ia aos cafés tirar pacotes de açúcar para termos em casa. Não tive a família que se calhar deveria ter tido.”
Hoje com 50 anos, mãe de dois filhos, e depois de muita terapia, a atriz e apresentadora assume que já fez as pazes com o passado e reconhece que o afastamento da mãe e a falta de pai condicionaram as suas relações