Graça Freitas falou abertamente sobre a sua luta contra o cancro e revelou que já enfrentou três vezes a doença, na mama, no colo do útero e na pele.
“Encarei o cancro, desde o dia em que soube que o tinha, como uma inevitabilidade. Era um facto, tinha-o e só tinha um objetivo. E o meu objetivo era manter-me viva”, começa por contar a ex-diretora-geral da Saúde no podcast Tenho Cancro. E depois?, um projeto editorial da SIC Notícias e do Expresso conduzido pela jornalista Sara Tainha. “Vou ficar pelo [cancro] da mama, porque esse, de facto, é que marcou mesmo a minha vida”, realça Graça Freitas, explicando que os outros dois surgiram “na sequência do acompanhamento” do primeiro, que foi descoberto num rastreio.
“Quando fiz a mamografia foi detetado um nódulo muito pequenino, que a radiologista achou que era um cancro da mama. E é aí o primeiro embate, o primeiro susto, o primeiro medo, o choque. Rapidamente procurei apoio. Não fiquei paralisada nem muito tempo a chorar”, lembra. Porém, também sentiu uma mudança na forma de ver a vida a partir dessa altura. “Tenho cancro e posso morrer. Foi uma ideia dominante, descobrir que, aos 55 anos, podia estar à beira de morrer. Percebi a minha finitude. Foi um momento decisivo”, explica.
Para se tratar, Graça Freitas passou por cirurgias, quimioterapia e radioterapia. “Estava convencida de que a radioterapia, sobretudo depois de ter passado pela quimio, ia ser um processo mais simples. Infelizmente, não foi”, recorda a médica, dizendo que esta “foi uma experiência traumática” da qual “não estava à espera”. Na entrevista, aborda-se também o facto da ex-diretora-geral da Saúde ainda se encontrar a fazer outro tipo de tratamentos na época da pandemia de Covid-19, sendo que tinha que gerir a situação do país com a sua doença. “Preocupava-me mais com a pandemia, vou ser sincera. Era a minha prioridade na altura. Nós temos sempre prioridades na vida e eu achava que já tinha passado o pior do cancro, já estava em velocidade de cruzeiro em relação ao cancro, já estavamos a fazer terapêutica, enfim, de segurança”, diz.