O ator Adérito Lopes quebrou o silêncio sobre a agressão de que foi vítima na noite da última terça-feira, dia 10, junto ao teatro Cinearte – A Barraca, em Lisboa. Num comunicado, o artista descreve o ataque como “violento” e movido por uma “cruel e brutal violência”.

Lopes conta que estava a chegar ao teatro, onde iria representar Luís de Camões no espetáculo gratuito Amor é fogo que arde sem se ver, quando foi subitamente atacado. “Fui violentamente agredido no rosto, sem qualquer provocação da minha parte”, afirma.

Segundo o ator, os agressores estariam ligados a um grupo com ideologias neonazis. Apesar da gravidade do incidente, Adérito opta, por agora, por não se alongar em declarações, justificando a decisão com o respeito pelo curso da investigação. "Não me calo por medo, mas por acreditar que cabe à justiça apurar os factos e aplicar as devidas consequências", sublinha. O ator diz ainda recusar transformar o episódio numa “plataforma de promoção” do agressor ou do grupo a que este alegadamente pertence.

O comunicado revela também que Adérito Lopes será representado judicialmente pelos advogados Ricardo Sá Fernandes e Sandra Aguiar. Em tom emocionado, agradece as inúmeras mensagens de apoio recebidas por colegas, amigos, figuras públicas, professores, alunos e cidadãos anónimos. Destaca ainda o apoio da companhia A Barraca e, em especial, da atriz Maria do Céu Guerra, cuja presença descreve como “destemida”.

A mensagem termina com um excerto de Luís de Camões, evocando o espírito da personagem que se preparava para interpretar naquela noite:
“E se eu mais der a cervis, a mundanos acidentes, Duros tiranos e urgentes, Cale-se esta confusão; cante-se a visão de paz.”

As autoridades continuam a investigar o caso, classificado como um ataque com motivações de ódio.