Este domingo, várias cidades portuguesas, incluindo Lisboa, Porto, Coimbra e Funchal, foram palco de manifestações contra o ódio e a violência, em resposta à agressão sofrida pelo ator Adérito Lopes, atribuída a um grupo neonazi. As concentrações reuniram centenas de pessoas em defesa da democracia e da liberdade.
Em Lisboa, junto ao teatro A Barraca — local associado à vítima — ouviu-se a palavra de ordem: “Não queremos viver no país do medo.” A manifestação visou não apenas demonstrar solidariedade com o ator agredido, mas também repudiar o crescimento de discursos e atos de extrema-direita no país.
A atriz Andreia Galvão, uma das organizadoras, sublinhou que a resposta pública era essencial: “Não é aceitável que agressões racistas e ataques a figuras da cultura passem sem resposta.” Para Galvão, os grupos neonazis devem ser ilegalizados e é “inconcebível” que o primeiro-ministro Luís Montenegro se mantenha em silêncio perante o caso.
A mobilização contou com a presença de representantes políticos do PCP, Bloco de Esquerda e Livre, que criticaram o Governo pela falta de condenação explícita. Paulo Raimundo classificou a agressão como crime de ódio, Mariana Mortágua alertou para o avanço da extrema-direita, e Jorge Pinto (Livre) frisou o aumento preocupante do clima de medo em Portugal.
Também várias figuras da cultura marcaram presença. A atriz Rita Blanco afirmou que “a sociedade está doente” e que cabe ao Estado agir, não à sociedade civil. Já Rita Lello apontou a gravidade de se normalizar a violência política, especialmente tantos anos após o 25 de Abril.
No Funchal, dezenas de pessoas concentraram-se em frente ao Teatro Baltazar Dias em solidariedade com Adérito Lopes. “Podia ter sido eu”, disse uma manifestante, recordando a importância de proteger a liberdade de criação e expressão artística.